Cotidiano

Governador em exercício do ES vê população em "cárcere privado", acusa manipulação política e pede mais tropas federais à União

64780801_PA 07-02-2017 Vitória ES - Exército entra em confronto com manifestantes na porta do Batalh.jpgVITÓRIA ? O governador em exercício do Espírito Santo, César Colnago, anunciou na manhã desta quarta-feira que o estado pedirá ao governo federal mais tropas para ajudar a resolver o caos na segurança que já dura cinco dias, desde que os policiais militares interromperam o patrulhamento nas ruas. Mais uma vez, as ruas de Vitória amanheceram vazias nesta quarta-feira, com o comércio fechado. Colnago classificou a situação da população como “cárcere privado”.

Colnago fez ainda acusações de uso política e manipulação do movimento por parlamentares de oposição e reafirmou que o governo não concederá aumento aos policiais, a principal reivindicação do movimento. Ele afirmou que o estado está “no limite” da Lei de Responsabilidade Fiscal.
A partir desta quarta-feira, há no Espírito Santo 1.200 homens das Forças Armadas e da Força Nacional de

Segurança (FNS). Como O GLOBO mostrou na quarta-feira, o número corresponde a um terço do efetivo da PM que patrulha as ruas da Grande Vitória em dias normais. Colnago reconheceu que o número é insuficiente, e por isso pediu mais reforço ao governo federal.

? Estamos pedindo aumento do efetivo para garantir a segurança dos capixabas, num momento em que as pessoas estão com dificuldade de se locomover, praticamente em “cárcere privado” ? disse o governador em exercício.

Segundo informou o secretário de Segurança, André Garcia, o pedido é para que o contingente das tropas federais no estado chegue a 1.800 ou 2.000 homens.

A crise se agravou ao longo da última terça-feira. No início da noite, o governo estadual chegou a divulgar que policiais de quatro batalhões haviam decidido obedecer a ordem do comando-geral e voltaram às ruas. As associações de oficiais negaram a informação e, durante a noite, o que se viu foi policiais retornando aos aquartelamento nos batalhoes.

César Colnago reconheceu que o governo foi pego de surpresa.

? Alguns batalhões começaram a ir para as ruas, mas, por influência de políticos e de ações orquestradas, fizeram com que retornassem aos quarteis. Anunciamos, e depois fomos surpreendidos com o retorno deles (aos batalhões).

‘NÃO SOMOS UM GOVERNO POPULISTA’

Na noite de ontem, representantes das mulheres dos PMs e de associações de oficiais se reuniram com 18 deputados estaduais e com a senadora Rose de Freitas na Assembleia Legislativa do ES. O governador em exercício e o secretário de Segurança insinuaram que esta reunião fortaleceu o movimento de paralisação.

? Há um movimento articulado. Aquele movimento que parecia uma coisa espontânea de mulheres rapidamente se espalhou, de forma organizada. É desumano, é inadmissível que outros interesses, políticos, estejam acima da vida das pessoas. O acordo com o governo estava encaminhado (em reunião entre as mulheres de PM e o comando da polícia, na tarde de ontem). Tem gente apostando no quanto pior melhor ? afirmou.

Sobre o pedido de aumento salarial, Colnago disse que não dará aumento agora aos policiais, porque isso acarretaria em atrasar o pagamento dos servidores.

? Respeitamos a Lei de Responsabilidade Fiscal e, no momento oportuno, quando tivermos crescimento de receita, o que não acontece desde 2013, podemos discutir com servidores reposição de perdas face a inflação. O estado do Rio e outros estados estão parcelando e atrasando salários. Não somos um governo populista.