Cotidiano

Fuga de operadores Jorge e Bruno Luz já era esperada pela PF desde 2015

SÃO PAULO – Investigações da Polícia Federal alertavam, desde 2015, para risco de fuga para o exterior dos operadores Jorge Luz e o seu filho Bruno, já que ambos têm passaporte português. Relatório anexado aos autos da operação mostrou que Jorge viajou pelo menos dez vezes para a Flórida desde o início da Lava-Jato. Bruno, por sua vez, teria viajado cinco vezes ? quatro viagens para Miami e uma para Fort Lauderdale. As viagens, de acordo com a PF, seriam um preparativo para a fuga.

?A periodicidade das viagens, sobretudo com o notório avanço das investigações da operação Lava-Jato e com o surgimento dos nomes de Jorge e Bruno Luz nos crimes envolvendo a Petrobras, indica possível preparação para evasão do país para o fim de se furtar da aplicação da lei penal?, diz o relatório assinado pelo delegado Felipe Pace.

A Justiça Federal de Curitiba determinou o bloqueio de até R$ 100 milhões das contas dos lobistas Jorge Luz e Bruno Gonçalves Luz, que tiveram mandado de prisão preventiva decretados na 38ª fase da Lava-Jato, desencadeada na manhã desta quinta-feira. Jorge e Bruno Luz – pai e filho – são considerados foragidos pela Polícia Federal.

Jorge é apontado pela força-tarefa como um dos mais antigos e relevantes operadores do PMDB e contaria com a assessoria do filho. Os dois atuariam na Petrobras desde os anos 1980. Segundo as investigações, pai e filho estão envolvidos em pelo menos seis episódios de corrupção e lavagem de dinheiro no esquema da Petrobras e foram citados por dois pelo menos dois delatores da Lava-Jato, Paulo Roberto Costa e Fernando Soares, o Baiano.

O delator e ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró afirmou em depoimento que Luz intermediou propina em contrato da Petrobrás na Argentina e na contratação do navio-sonda Petrobras 10.000. O valor, de US$ 6 milhões, teria sido destinado ao senador Renan Calheiros (PMDB-AL).