Na primeira gestão como prefeito de Cascavel, Leonaldo Paranhos classifica como um grande desafio administrar uma cidade que está na adolescência. Em entrevista especial concedida ao Hoje News para esta edição especial de aniversário, Paranhos lista os principais desafios considerando o agora e já pensando no amanhã.
Planejamento
“O planejamento a curto prazo é mais uma questão de atendimento emergencial. Eu gosto de trabalhar com planejamento de curto, médio e longo prazo. Cascavel não permite mais você fazer uma gestão só cobrindo as necessidades. Mas não permite projetar só as obras de futuro. A curto prazo se resolvem problemas estruturais e de atendimento na saúde e na educação. São pequenas reformas e ampliações. Reformamos uma escola que precisa ser demolida. Mas se eu a demolir, demora um ano e meio para construir outra. Então eu espero um ano e meio para trocar o telhado e fazer a parte elétrica, por exemplo? Não. Faz aquilo que é emergencial e trabalha num projeto a longo prazo para construir uma nova. Na saúde é a mesma coisa. Liberamos 18 pequenas reformas em unidades de saúde, isso a curto prazo. Tem unidade que precisa ser demolida. Para isso, estamos trabalhando a longo prazo.”
Tempo Integral
“Na educação temos o Tempo Integral, que é um programa de longo prazo. Mas eu não tenho condição de implantar em 114 unidades tempo integral simultaneamente. É um programa educacional e social. Tanto é que, quando se faz pesquisa com os pais sobre a qualidade do ensino, eles não respondem de forma didática. Eles respondem positivo se tem Tempo Integral e se tem creche. Muito se falava nesse modelo, mas são poucas escolas que efetivamente o tem. Hoje são menos de 1.700 alunos, considerando um total de 30 mil. Estender esse ensino é um dos planejamentos de longo prazo.”
Estradas rurais
“Dar condições às estradas rurais também é um planejamento de médio e longo prazo. Nós vamos fazer 300 quilômetros de recuperação de estradas por meio de um convênio com a Itaipu. O maior investimento dos últimos 15 anos. Entendo que isso é importante e estava esquecido. Muitas vezes o político não quer fazer estrada rural porque não rende voto. E faz no Bairro Floresta, por exemplo, que é populoso. Mas o nosso comércio gira em torno da agricultura. Nossa região é dependente da agricultura. Precisamos de escoamento de produção. Se a safra vai bem, o comércio vai bem e a cidade anda”.
Aeroporto
“Estamos trabalhando a curto prazo. Nosso aeroporto é ruim? É. A pista é errada? É o primeiro ponto da cidade a ser atingido por nuvens e neblina. Mas não dá para mudar a pista, é muito caro. Então, estamos adequando-a. Mudando os hangares de lugar, conforme a exigência da Anac, receberemos aeronaves maiores. A longo prazo, vamos desapropriar áreas e negociar com o estado para o Aeroporto Regional”.
Diálogo
“Estamos trabalhando muito com o Conselho de Desenvolvimento, discutindo com a sociedade. Uma obra grande não pode sair só da cabeça do prefeito, como a do PDI, por exemplo. E quando você administra uma cidade, você trabalha com sentimentos. Se eu vou a um bairro falar de investimentos para o aeroporto, talvez os moradores vão ficar tristes e dizer: ‘mas eu não vou voar’. Se consigo rede de esgoto para um bairro e vou falar isso na Acic, eles até vão ouvir, mas vão dizer: ‘Paranhos, a gente quer saber do aeroporto’. Nós precisamos escutar as pessoas. As pessoas precisam ter segurança do poder público”.
Cultura
“Historicamente, além da agricultura, a cultura está esquecida. Como querer transformar a cidade em uma metrópole sem investimento em cultura? Nós mais que dobramos o orçamento, visualizamos algumas ações que são possíveis de se fazer, dar continuidade e aprimorar. Entendo que esse setor é uma ferramenta importante no contexto de metrópole. Fizemos um decreto no início do ano com desconto para os artistas usarem o teatro, estrutura que estamos pagando e pagando caro, e que não pode virar um ponto de aluguel. Cascavel é uma das 40 cidades do Brasil para se investir, e por isso não dá para deixar de investir em cultura”.
O maior desafio
“A saúde ainda é o maior desafio. Se investir no escuro, joga-se dinheiro fora. Nós temos duas situações: gente na UPA e gente que precisa sair da UPA. A UPA não é para fazer consulta, mas a população a procura para isso porque não existe resposta na unidade básica. Precisamos fazer investimento em equipes de saúde da família. Maringá tem 77 equipes. Nós, 34. É muita diferença. E quando você não oferta, o pessoal vai atrás da UPA, que precisa atender média complexidade. Isso não é o atendimento que tem na unidade básica, mas também não é hospital, estrutura essa que o Estado tem de atender, porque não temos leitos. E temos o paciente que fica na UPA e que é perfil UPA, mas às vezes fica 15, 20 dias lá. Precisamos ter um hospital de retaguarda e por isso estamos insistindo na estrutura do Jácomo Lunardelli. Queremos chegar a 2020 com 60 equipes de saúde da família. Precisaríamos ter 75. Assim conseguimos minimizar o problema. Mas também haverá mais procura, porque terá melhora no atendimento”.
Repasse federal
“Para os próximos quatro anos, prevemos uma arrecadação anual de R$ 5 bilhões. Mas preocupa a crise econômica e a queda de repasse do governo federal, que é muito dinheiro. Aliás, essa receita já vem caindo. A gente depende de programas federais. Você projeta aquilo e aperta o cerco caso o recurso não venha. Tivemos uma queda expressiva na arrecadação do Fundeb e há preocupação com a folha de pagamento da Educação. Por isso uma das grandes ferramentas que estamos usando é comprar melhor. Com mais desconto, mas com qualidade.