Cotidiano

Ex-assessor de Dilma vira ?palpiteiro? em campanha de candidato de BH

BELO HORIZONTE (MG) – Assessor da ex-presidente Dilma Rousseff durante quase duas décadas – até fevereiro passado – o gaúcho Anderson Dorneles, de 37 anos, auxilia na campanha para prefeito de um dos algozes da petista na votação da abertura de seu impeachment, naquele domingo, 17 de abril. O deputado Luiz Tibé (PTdoB) – que disputa a Prefeitura de Belo Horizonte – foi o voto “sim” de número 291, dos 367 favoráveis ao afastamento de Dilma. Dorneles disse ao GLOBO que é uma amizade antiga e que é apenas um “palpiteiro furado” na campanha do amigo.

Dorneles foi assessor especial de Dilma até fevereiro deste ano, quando deixou o governo para casar. Ele acompanhava a ex-presidente desde os 13 anos, ainda em Porto Alegre (RS).

Na campanha de Tibé, Dorneles tem um papel discreto, mas é o principal conselheiro do candidato, que tem apenas 3% dos votos, segundo o último Datafolha, e ocupa o sexto lugar entre os onze candidatos. Em dois debates ocorridos nesta semana – nas TVs Record e Alterosa (SBT) – ele acompanhou o candidato nos estúdios e, nos intervalos, era quem se aproximava de Tibé para avaliar o desempenho e combinar estratégias. Procurado pelo GLOBO, ontem, após um dos debates, Dorneles afirmou que não recebe nada pelo seu trabalho e que é apenas um “palpiteiro furado” do amigo. E que sua relação com Tibé é anterior ao impeachment e se conheceram em Belo Horizonte, onde Dorneles teve uma namorada.

? É uma amizade leal e antiga, de antes da política, aqui de Belo Horizonte. Não recebo nada, sou apenas um voluntário. Na verdade, um palpiteiro furado. Não tenho cargo algum ? disse Dorneles, que afirmou ainda manter contato com a petista.

Com Dilma, ele tinha o papel de “faz tudo”. Estava sempre ao lado da ex-presidente, carregando seus pertences e também em viagens.

Sua exoneração do governo coincidiu com a revelação de que ele seria sócio do Red Bar Sports, Foods and Drinks, no Beira-Rio, na capital gaúcha. A obra do estádio foi feita pela empreiteira Andrade Gutierrez, investigada pela Operação Lava-Jato por suspeita de corrupção nas obras da Copa do Mundo, entre elas, a reforma do Beira-Rio. Ontem, ele negou ter o proprietário do bar.

? Não sou dono do bar. É só olhar na Junta Comercial. Tudo isso faz parte do jogo político ? afirmou.

Anderson trabalha com Dilma desde os 13 anos. Ele era seu office-boy na Fundação de Economia e Estatística do Rio Grande do Sul. Desde lá e hoje com 35 anos, nunca mais saiu do lado de Dilma. De Porto Alegre, se mudou em 2003 para Brasília para auxiliá-la no Ministério de Minas e Energia; na Casa Civil e, depois, na Presidência da República.