RIO ? Estabelecer um diálogo amplo entre sociedade civil, escola, indústria e estado pode ser a principal ferramenta para combater um dos problemas mais preocupantes da contemporaneidade: a obesidade infantil. A conclusão foi tirada durante as discussões da mesa “Escola consciente, nutrição inteligente”, no evento internacional Educação 360, realizado pelos jornais O GLOBO e ?Extra?, em parceria com o Sesc. O encontro, que acontece nesta sexta e sábado na Escola Sesc de Ensino Médio, em Jacarepaguá, tem apoio da Coca-Cola Brasil, da TV Globo e do Canal Futura.
? Quando os dois lados gritam, ninguém escuta nada. A obesidade infantil tem que ser tratada com um esforço conjunto e integrado. O diálogo é a grande chave. Um diálogo de propósitos, com transparência e vontade de fazer mudança- explicou Marcos Nisti, CEO do Instituto Alana, organização que defende a vivência plena da infância.
A necessidade de encontrar respostas para evitar que as crianças sejam alvo de publicidades que conduzem ao consumo em excesso de determinados alimentos e aumentem os índices de obesidade, levou a uma comunicação bem sucedida entre o Instituto Alana e a Coca-Cola Brasil. Discussões constantes culminaram em uma primeira ação da empresa de bebidas, que informou que não faria mais publicidade destinada a crianças, porque não as considerava capazes de tomar decisões de consumo sozinhas.
A movimentação no sentido de minimizar o consumo de refrigerantes e sucos açucarados na infância resultou na decisão da corporação de não fornecer mais esses produtos para cantinas de escolas onde a maior parte das crianças seja menor de 12 anos.
? A criança até 12 anos não tem maturidade de fazer escolhas. Não consegue discernir o que é bom para ela e o que não é, que é possível consumir com moderação. Temos que trazer essa conversa para a escola, para os pais. Esse é um problema não só da Coca-Cola, mas de toda a indústria. Quero muito que outros setores se juntem a esse movimento- afirmou Andréa Mota, diretora de categorias da Coca-Cola Brasil.
No âmbito familiar, a psicóloga Maria Tereza Maldonado afirma que os pais devem aprender a conhecer seus filhos e alerta para o perigo de atrelar emoções à alimentação. Ela chama atenção ainda para a importância de dar o bom exemplo:
? Se a família está mais sintonizada ela vai saber que aquele choro é de fome, aquele outro é para colo, ou outro tipo de estimulação. Muitas vezes essa leitura não é feita adequadamente e qualquer coisa que a criança expressa é vista como fome. Isso tudo vai formando uma raiz de que a comida vai servir para aliviar frustração, suprir carinho e atenção, acalmar e distrair. Muitas famílias não se dão conta que agem como espelho para criança. As famílias de crianças obesas muitas vezes também estão muito além do peso.As crianças estão sujeitas a múltiplas influências.