KINSHASA – Corpos de dois especialistas das Nações Unidas desaparecidos em 12 de março na República Democrática do Congo (RDC) foram encontrados, informou nesta terça-feira um porta-voz do governo congolês. Um intérprete congolês que estava com o grupo que investigava violações de direitos humanos também foi morto.
“O comissário de polícia provincial acaba de retornar do local onde foram encontrados os cadáveres dos dois investigadores da ONU”, declarou Lambert Mende à AFP. “A mulher foi decapitada e o corpo do homem está inteiro.”
A polícia forense e membros da Monusco [Missão das Nações Unidas na RDC] deixaram os dois corpos no necrotério da missão no aeroporto de Kananga, capital da província de Kasai Central.
Ambos os especialistas, o americano Michael Sharp e a sueca Zahida Catalan, foram sequestrados junto com seus quatro acompanhantes congoleses em Kasai Central, reduto dos milicianos de Kamwina Nsapu, líder tradicional que se rebelou contra o governo de Kinshasa antes ser morto durante uma operação militar em agosto de 2016.
A violência entre as forças de segurança e milicianos de Nsapu começarou em Kananga, a capital de Kasai Central, em setembro de 2016, antes de se espalhar para as províncias vizinhas de Kasai Oriental, Kasai e Lomani, deixando pelo menos 400 mortos.
O grupo de peritos da ONU sobre a RDC é composto por seis pessoas nomeadas a cada ano pelo secretário-geral das Nações Unidas. Desde 2004, seus membros escrevem um relatório anual sobre o tráfico ilícito de armas no território congolês, desestabilizado por numerosos grupos rebeldes desde o final da Segunda Guerra do Congo (1998-2003).