RIO – Um projeto, que saiu de uma tese de doutorado, já transformou a vida de muitos alunos da Escola Estadual Professora Maria Terezinha de Carvalho Machado, na Praça Seca. Trata-se do Almanaque da Rede, uma plataforma virtual, desenvolvida pela escritora Sonia Rodrigues, que de 2009 a 2011 foi disponibilizada para cerca de 1.300 instituições. Mesmo com o contrato da plataforma vencido, ela continua liberada para os alunos da instituição de Jacarepaguá.
? O governo do estado não renovou com a Sonia, mas eu fui atrás dela falar da importância de continuarmos com a plataforma virtual na escola. Desde que foi implementada, tivemos um melhora no desempenho dos alunos no Enem. Muitos conseguiram bolsas na Estácio, na PUC e até o ingresso nas universidades públicas. O Almanaque da Rede tem uma didática muito eficiente, iríamos dar vários passos para trás se ficássemos sem ele ? conta a professora de Língua Portuguesa Sandra Carvalho de Oliveira, que foi a primeira coordenadora do projeto na escola estadual.
De 2012 a 2014, o programa foi realizado de maneira informal por Sandra. Mas, no ano passado, ela conseguiu inserir o Almanaque da Rede dentro do programa político-pedagógico da escola, e ele passou a fazer parte do calendário fixo da instituição.
? Com isso, eu não precisava mais insistir para que ele fosse executado. A plataforma funciona como um ótimo pré-vestibular. A melhora nas notas da redação dos nossos alunos, desde que começaram a praticar a escrita criativa, aumentou muito. Em muitos casos, ela foi decisiva na admissão deles nas universidades ? destaca.
Desde o começo do ano, a professora foi trabalhar na Secretaria de Estado de Governo. Agora, quem está à frente do projeto são as agentes de leitura Clara Wanderley e Vania Viana Barboza dos Santos.
? O retorno dos alunos é tão positivos que batizamos a nossa biblioteca de Sonia Rodrigues, em gratidão a essa evolução da escola no Enem ? diz Vania.
A escritora ficou satisfeita com a homenagem e, principalmente, com o auxílio que o seu projeto deu à escola. Filha do dramaturgo Nelson Rodrigues, ela fala sobre a importância de os alunos se sentirem valorizados.
? É muito bom poder promover essa diferença na vida delas. Com o conhecimento, eles conseguem aprovação nas universidades e passam a ter as rédeas das próprias vidas, deixando de ser vítimas de um ensino ineficiente e ineficaz ? afirma Sonia.
A escola tem um total de 414 alunos que já passaram pelo Almanaque da Rede. Desses, 127 foram entrevistados por Sonia e pelas agentes de leitura. O desempenho deles nas universidades é o que mais motiva a escritora a manter o acesso liberado à instituição gratuitamente.
? Dos entrevistados, 72% estavam nas universidades públicas, sendo que 84% passaram em carreiras nas áreas de ciências exatas e Engenharia. Enquanto eles quiserem manter a plataforma na escola, vou disponibilizá-la gratuitamente. Esse resultado na prática, para mim, vale mais do que a nota que recebi da banca, após defender a minha tese de doutorado ? garante a escritora.
