Cotidiano

Em São Paulo, vítimas de Hiroshima pedem fim de armas nucleares

2016 912359621-201605271845014858.jpg_20160527.jpgSÃO PAULO – Kunihiko Bonkohara, 75 anos, e Takashi Morita, 92, lembram bem do dia 6 de agosto de 1945. O primeiro tinha apenas 5 anos e foi com o pai para o trabalho. Já Morita era um policial vindo de Tóquio e lembra dos aviões japoneses sobrevoando a área e de uma cidade calma, apesar da guerra. Ambos também lembram de uma luz muito forte, do som ensurdecedor da explosão que veio a seguir, do calor que sentiram na pele, da chuva preta que caiu logo a seguir e da tragédia que viram quando saíram à rua. Hiroshima

Morita veio para o Brasil 11 anos depois da bomba lançada sobre Hiroshima, por problemas de saúde. Chegou ao país com 32 anos, acompanhado da mulher e dos dois filhos: um menino e uma menina. Também devido a uma doença, Bonkahara, aos 20 anos, veio sozinho para o Brasil, onde trabalhou como topógrafo. O pai dele permaneceu no Japão e veio a falecer devido a um câncer de estômago que Bonkahara acredita ser consequência da radiação. Sua mãe e sua irmã nunca foram encontradas.

Após 71 anos, um presidente americano voltou ao local da tragédia. Apesar de reconhecer o simbolismo, a opinião de ambos é que o período foi muito longo sem uma visita de um presidente dos Estados Unidos.

? Muito tarde: demorou muito. Mas é bom para tirar o pensamento da guerra ? lamenta Morita.

O caminho de Morita e Bonkohara se cruzou na Associação Hibakusha ? Brasil pela Paz. A palavra de origem japonesa significa ?pessoas afetadas pela explosão?. Apesar da demora, para eles, a visita de Obama tem um efeito simbólico para a reivindicação principal das vítimas das bombas:

? Tem que proibir as armas nucleares. O Obama, infelizmente, falou, mas não fez. Mas agora está fácil para outros países visitar Hiroshima. O mundo inteiro discute. Talvez agora se abra espaço ? espera Bonkohara.