Etiópia ADIS ABEBA – Mais de 50 pessoas foram mortas durante um tumulto na região de Oromia, na Etiópia, desencadeado neste domingo quando a polícia usou gás lacrimogêneo e atirou para o alto para dispersar um protesto contra o governo em um festival religioso.
Segundo a emissora estatal, que citou autoridades regionais, 52 pessoas foram mortas. A oposição também afirmou que ao menos 50 pessoas morreram no festival anual, no qual alguns participantes entoavam gritos contrários ao governo e empunhavam a bandeira de um grupo rebelde.
Nos últimos dois anos, Oromiya foi alvo de protestos esporádicos, provocados inicialmente por disputa de terras, mas que cada vez mais se tornaram manifestações contra o governo em geral. Desde o final de 2015, dezenas de manifestantes foram mortos em confrontos com a polícia.
Os acontecimentos sublinham as tensões no país, onde o governo tem conseguido obter altas taxas de crescimento econômico, mas enfrenta críticas de adversários e grupos de ativistas que o acusam de reduzir as liberdades políticas.
Milhares de pessoas se reuniram para o Irreecha, festival anual de ação de graças, na cidade de Bishoftu, cerca de 40 km ao sul da capital Addis Abeba.
Os manifestantes gritavam “mós precisamos de liberdade” e “precisamos de justiça”, impedindo o discurso dos anciãos da comunidade, considerada próxima ao governo.
Ao serem atingidos pelo gás lacrimogêneo da polícia, que também atirou para o alto, os manifestantes fugiram criando um tumulto, sendo que alguns deles acabaram caindo em uma vala profunda.
O governo etíope prende periodicamente pessoas que alcancem influência política, temendo que possam incentivar protestos contrários ao governo. Segundo organizações de direitos humanos, desde novembro, as forças de segurança mataram mais de 500 pessoas, em sua maioria manifestantes, e detiveram milhares deles durante a repressão dos protestos registrados em Oromia, a maior região da Etiópia.
Outro protestos como o registrado neste fim de semana ocorreram em abril de 2014, quando também houve mortes, feridos e detenções em massa.