SÃO FRANCISCO E LONDRES – O tempo em que grandes empresas de tecnologia americanas conseguiam facilmente reduzir sua conta de impostos na Europa pode estar chegando ao fim.
Durante décadas, companhias como a Apple, que geram um significativo montante de receita no exterior, recorreram à Irlanda, à Holanda e a Luxemburgo, onde aproveitaram regimes fiscais amenos, mesmo mantendo apenas operações mínimas no país.
A decisão da UE de determinar que a Apple pague ? 14 bilhões à Irlanda é só mais um capítulo no esforço do bloco para fechar as brechas que as autoridades da UE acreditam dar vantagens a empresas estrangeiras.
A Google também se beneficiou do regime fiscal da Irlanda. A Amazon, por sua vez, usou um processo similar para enviar seus lucros para Luxemburgo.
? Toda empresa global que está exposta a impostos na UE em países individuais agora tem de olhar para trás e questionar se algum de seus acordos está sujeito a ataques similares ? avaliou Thomas Cooke, professor da Georgetown?s McDonough School of Business. ? Este é o primeiro sinal de uma longa peça que vai acontecer ao longo de muitos, muitos meses.
Há cerca de seus meses, a Netflix disse a um investidor que a empresa provavelmente vai pagar impostos internacionais mais altos do que outras gigantes americanas da tecnologia pagam.
A Netflix ? que recentemente começou uma agressiva expansão no exterior ? disse ver a estratégia tributária internacional de outras empresa de tecnologia dos EUA como insustentável, segundo contou à Bloomberg uma pessoa com conhecimento da situação.
?Multinacionais com estratégias de planejamento fiscal agressivas podem esperar pagar mais impostos?, escreveu Sarah Jane Mahmud, uma analista da Bloomberg Intelligence em recente nota de pesquisa. ?As reformas na UE vão exigir que o lucro seja taxado onde é gerado?.
Procurada pela Bloomberg, a Netflix não respondeu; enquanto Amazon e Google não quiseram comentar o caso.