Cotidiano

Cunha nega uso de recursos de propina por Cláudia Cruz

BRASÍLIA – Em nota divulgada por sua assessoria o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) negou que sua esposa, a jornalista Cláudia Cruz, tenha gasto somas milionárias nas compras em lojas de luxo, utilizando-se de recursos oriundos de propina do Petrolão. Em defesa da esposa, transformada em ré e condenada a devolver US$10 milhões (R$ 36 milhões) junto com outras duas pessoas, Cunha disse que ela tinha patrimônio próprio formado com sua atividade profissional e indenização paga pela TV Globo quando de seu desligamento da empresa.

Na nota Cunha voltou a afirmar que não houve nem recebimento nem utilização de qualquer vantagem indevida, e que a acusação de que valores de propina foram gastos em artigos de luxo são falsas, ?sendo que a referida denúncia não apresentou qualquer prova em relação a isso.?

Leia a íntegra:

?Minha esposa detinha conta individual, em seu nome pessoal, onde ela não figurava como beneficiária, mas como titular da referida conta, que apenas tinha nome de referência Kopek e não empresa Kopek. A conta mantida por ela estava dentro das normas da legislação brasileira e foram declaradas à autoridade competente.

A Netherton, ao contrário do dito na referida denúncia, é um trust, e não uma offshore. Nada existe de ilícito com relação ao trust, e sua obrigatoriedade de declaração à Receita Federal só foi regulamentada a partir deste ano, medida ainda assim questionável no entendimento de especialistas que deram pareceres à nossa defesa. Os valores ingressados na conta do trust Orion não foram transferidos para a conta Kopek, fato que será facilmente comprovado na instrução pela documentação existente.

É falacioso afirmar que foram utilizados recursos oriundos das transferências efetuadas à Orion, já que os valores elencados na denúncia como depositados em 2011 são no montante de SF 1311 mil, e no valor bloqueado em 2015 é de SF 2243 mil. Vê-se, assim, que é matematicamente impossível que valores tenham sido utilizados e, após a referida utilização, tenham sido multiplicados e bloqueados. Ou seja, dentro dos valores bloqueados estão além dos SF 1311 mil depositados, outros SF 932 mil, totalizando SF 2243 mil. Como podem ter sido gastos esses valores?

Volto a reafirmar também que o patrimônio que detinha, que foi transferido para trust, e que suportou os gastos familiares, teve origem antiga, de atividades privadas, sem nenhuma relação com a atividade pública.

Por último, afirmo que o patrimônio da minha esposa foi constituído pelo seu trabalho na atividade de televisão, sendo a maior parte dele fruto de indenização trabalhista, recebida em ação judicial contra a TV Globo, o que explica boa parte da animosidade e relevância com relação à dada por veículos dessa organização?.

*Estagiário sob supervisão de Maria Lima