RIO – Foi extremamente positiva uma das primeiras críticas internacionais de “Aquarius”, de Kleber Mendonça Filho, exibido nesta terça-feira no Festival de Cannes, onde o filme concorre à Palma de Ouro. Já no título, o jornal inglês “The Guardian” descreve o longa do cineasta pernambucano como uma “rica e misteriosa história brasileira sobre desintegração social”, e segue chamando a trama, sobre uma crítica musical em pé de guerra contra uma construtura que quer demolir o prédio em que ela mora, de “linda” e “surpreendente”.
O texto, escrito por Peter Bradshaw, deu quatro estrelas (de um total de cinco) para “Aquarius”. “É um rico e detalhado estudo de personagem, envolvendo o espectador na vida e mente de sua imperiosa protagonista, Clara, interpretada com domínio por Sônia Braga”, diz o texto.
Bradshaw afirma que o filme é, de certa forma, uma metáfora do Brasil, abordando temas como nepotismo, corrupção e cinismo. No entanto, aponta como uma “falha” um recurso narrativo situado no fim do longa, envolvendo o surgimento de um “certo documento legal”, que ele classifica como “deus ex machina” ? termo normalmente usado para se referir a uma resolução inverossímil a um conflito dramático.
A revista “Variety”, uma das mais importantes da área, também foi só elogios à atriz principal, a quem chamou de “incomparável”. O autor, Jay Weissberg, definiu “Aquarius como um filme “mais sutil, mas não menos maduro” do que “O som ao redor” (2012).
A política deu o tom da passagem da equipe de “Aquarius” pelo tapete vermelho, nesta terça, em que o diretor e os atores do filme seguraram cartazes em protesto contra o impeachment.