NITERÓI – O consórcio TransOceânico, que opera as linhas de ônibus da Região Oceânica, enviará esta semana ofício à prefeitura de Niterói cobrando esclarecimentos sobre o projeto da Transoceânica. As empresas de ônibus, peças fundamentais no plano viário ? já que o contrato prevê que elas operem o BRT/BHLS em suas áreas de concessão ?, mostram preocupação com a falta de informações sobre as mudanças necessárias na frota, nas linhas e na operação na via expressa.
Em entrevista ao GLOBO-Niterói publicada domingo passado, o subsecretário municipal de Urbanismo e Mobilidade, Renato Barandier, falou da possibilidade de reduzir a frota de ônibus municipais em até 60%, já que as viagens serão mais rápidas, e que não está definido se haverá linhas intermunicipais na região. Uma das preocupações do consórcio é a obrigatoriedade de troca dos ônibus, já que os modelos BHLS precisam ter portas dos dois lados porque as estações de embarque da Transoceânica ficam à esquerda da via expressa; nos demais pontos, o acesso continuará sendo feito pelo lado direito.
João Carlos Felix Teixeira, presidente do consórcio TransOceânico, formado pelas empresas Pendotiba, Santo Antônio, Miramar e Fortaleza, diz que ainda não foi procurado para discutir as mudanças necessárias. A Auto Viação 1001, que explora as linhas que fazem ligação com o Rio, também diz que não foi consultada. Em nota, afirma que a retirada de operação pode representar considerável aumento no número de veículos na cidade e prejudicar o trânsito.
? Ninguém nos apresentou o projeto ? diz Teixeira. ? A obra deveria seguir uma formalidade prevista em contrato, com estudos e prazos. Tudo tem que ser discutido previamente, não na iminência de estar pronto.
REFLEXO NAS TARIFAS
Se o prazo for mantido, a obra será concluída em um ano e meio. Teixeira diz que não é um período longo, tendo em vista o valor dos investimentos. Segundo ele, um ônibus custa cerca de R$ 400 mil. O estudo de viabilidade da Transoceânica prevê ao menos 60 veículos, o que soma R$ 24 milhões.
? Precisamos do estudo de modelo de negócio para saber se é viável. Quando envolvemos um custo enorme, falamos também de valor de tarifa. A rigor, qualquer aumento precisa ser suportado pelos usuários ? diz Teixeira. ? Não conhecemos o projeto. Vai que o modelo permite uma tarifa menor.
A prefeitura afirma que a queixa de falta de comunicação não procede. E informa que o estudo de viabilidade, feito em 2013, continha os aspectos operacionais do BHLS, como tamanho da frota e número de linhas e de passageiros a ser transportado. O documento foi entregue ao Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado do Rio de Janeiro (Setrerj), discutido em audiências públicas e anexado aos estudos de impacto ambiental (EIA-Rima).
De acordo com o Setrerj, nos últimos quatro anos foram usados R$ 115 milhões na renovação da frota das empresas Pendotiba (R$ 88,7 milhões) e Santo Antônio (R$ 27,1 milhões), responsáveis pelas linhas oceânicas. Os investimentos são exigência do contrato de concessão firmado em 2012, após reorganização do serviço na cidade, que criou os consórcios TransNiterói e TransOceânico.