RIO ? Nos dias 5 e 21 de agosto e 7 e 18 de setembro, a região da Tijuca será, por algumas horas, o centro das atenções do mundo esportivo. Isso porque o Estádio Mário Filho, o velho Maracanã, será palco da abertura e do encerramento das Olimpíadas e das Paralimpíadas de 2016. E mesmo faltando ainda 78 dias para o pontapé inicial, o espírito olímpico já está presente em clubes, academias e confederações da região, onde treinam atletas que vão disputar as competições.
Na Rua Bom Pastor, por exemplo, funciona a sede da Confederação Brasileira de Wrestling (CBW). É lá que, desde 2011, a seleção brasileira de luta olímpica faz seus treinamentos, nos estilos greco-romano e livre. Com uma instalação digna de Primeiro Mundo, o local reúne atletas de federações dos quatro cantos do Brasil, além de técnicos cubanos que são referência no esporte. Entre os atletas com vaga garantida para a Rio 2016 estão Joice Silva (categoria até 58kg), Lais Nunes (até 63kg), Gilda Oliveira (até 69kg) e Aline Silva (até 75kg). Elas vão tentar obter a primeira medalha olímpica do Brasil na modalidade.
? Sabemos da dificuldade e dos adversários de ponta que enfrentaremos, mas estamos treinando pesado para isso. A luta olímpica no Brasil tem evoluído muito nos últimos anos. A instalação dessa sede foi um grande marco para o nosso esporte, dando-nos toda a infraestrutura de que precisamos para tentar conseguir resultados. Competir em nosso país é um grande ponto a nosso favor e um grande incentivo. Queremos trazer essa primeira medalha para o Brasil. Estamos confiantes ? diz a paulista Aline Silva, de 29 anos, que foi foi vice-campeã mundial em 2014, o melhor resultado do país na história da luta olímpica.
Ali perto, na Rua Pereira de Siqueira, a Academia Delfim, mesmo focada em boxe, abriu o seu espaço para atletas paralímpicos treinarem a parte aeróbica e fazerem musculação. O dono da academia, Gabriel Ribeiro, fechou, no meio do ano passado, uma parceria com a ONG Urece Esporte e Cultura para Cegos.
? Conheço pessoas da Urece, e elas me disseram que tinham dificuldade, devido à falta de incentivo, de conseguir um bom espaço para treinar musculação. Sem pensar duas vezes, disse que minha academia estaria disponível para eles pelo tempo que quisessem. Sem demagogia. Faço isso por amor ao esporte e por solidariedade a essas pessoas que tanto precisam ? orgulha-se Ribeiro.
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Entre diversos atletas que lá treinam estão duas corredoras, uma já classificada para as competições de atletismo, nos 100 metros rasos, e outra ainda em busca do índice: Jhulia Karol, bronze da modalidade nos Jogos de Londres, em 2012, e medalha de prata nos Jogos Pan-Americanos de Toronto, em 2015; e Viviane Soares. O treinador e atleta-guia Fábio Dias, que disputou as Paralimpíadas de Atenas, em 2004; de Pequim, em 2008; e de Londres, em 2012, diz que está otimista quanto à possibilidade de alcançar conquistas:
? O treinamento aqui na academia Delfim era o que precisávamos, a cereja do bolo. Com certeza, vamos ainda mais forte para os duelos.
O Tijuca Tênis Clube, uma das principais associações da região, fechou um convênio com as seleções feminina e masculina de vôlei da Itália. Os jogadores daquele país, que também estiveram no clube no ano passado, para a disputa da Liga Mundial, voltarão a usar o ginásio para treinamentos, incluindo uma sala de musculação. Eles usarão as instalações do clube tijucano por um mês, a partir de 22 de julho.
? Além de sermos um ginásio com um piso muito bom, adequado para diversos tipos de esporte, nossa localização é muito boa. Estamos há menos de dez minutos do Maracanãzinho, onde serão disputadas as partidas de vôlei. Acho que isso também pesou muito na escolha deles. Depois do treinamento, eles podem sair para assistir a alguma partida que os interesse. Nossa relação com os italianos quando eles vieram ano passado foi muito boa; eles se sentiram muito à vontade ? conta Jorge Amaro, vice-presidente de esportes terrestres do TTC.
