BUENOS AIRES – A reunião de chanceleres do Mercosul terminou em tempo recorde, nesta quarta-feira, em Buenos Aires, onde a Argentina assumiu a Presidência Pro Tempore do bloco. Apesar de seu país ter tido seus direitos de voz e voto suspensos pela não incorporação de normas internas, a chanceler da Venezuela, Delcy Rodríguez, foi à capital argentina e tentou entrar a força na reunião.
Depois de atravessar a barreira de policiais em frente ao Palácio San Martin, sede da chancelaria argentina, Rodríguez tentou presenciar a reunião de ministros mas quando finalmente conseguiu entrar os chanceleres José Serra, do Brasil, e Eladio Loizaga, do Paraguai, já tinham ido embora. O encontro dos ministros durou menos de meia hora e teria terminado rapidamente para evitar um escândalo ainda maior com a enviada do governo Nicolás Maduro.
? Nada do que estava previsto aconteceu. O encontro dos ministros foi rápido, somente para assinar a ata que transferiu a presidência do bloco para a Argentina ? confirmou uma fonte do governo Mauricio Macri.
Antes de entrar ao palácio, Rodríguez foi recebida pela chanceler argentina, Susana Malcorra. Também participou da conversa o chanceler do Uruguai, Rodolfo Nin Novoa. Na saída, a ministra do governo Maduro afirmou que seu país ?foi vítima de um golpe dentro do Mercosul?.
? Vamos lutar contra esta ilegalidade ? declarou Rodríguez.
A Venezuela abriu um processo no tribunal de controvérsias do Mercosul para tentar derrubar a suspensão de seus direitos aprovada pelos governos do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.
? Por que fazem isso contra a Venezuela? Porque não respeitam a diversidade de ideias ? acusou a chanceler venezuelana.
Rodríguez assegurou que seu país ?continuará exercendo a presidência do bloco?.
? Como disse o presidente Maduro, se fecharem a porta entraremos pela janela.
Em frente a chancelaria argentina, movimentos sociais organizaram uma manifestação para defender a permanência da Venezuela no Mercosul. Participaram militantes de organizações kirchneristas, que também protestaram contra o governo Michel Temer e a presença do chanceler José Serra.