Cotidiano

Centrais dizem que reforma da Previdência é 'combustível' para greve geral

BRASÍLIA – Integrantes de centrais sindicais que se reuniram nesta terça-feira com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), criticaram duramente a proposta de reforma da Previdência enviada pelo governo ao Congresso Nacional. Para o deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), presidente da Força Sindical, caso o governo não negocie mudanças no texto, isso será o “combustível perfeito” para se convocar uma greve geral. Apesar disso, ele afirmou que ouviu de Maia e do líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE), que haverá abertura para negociar mudanças.

? Vamos supor que o governo insista em aprovar a proposta que está aí. Temos hoje uma rejeição unânime dos trabalhadores do Brasil a essa proposta, portanto você tem um combustível perfeito para fazer uma greve geral ? disse o deputado, que afirmou, no entanto, que teve sinalização de que o projeto poderá sofrer alterações:

? São propostas complicadas que precisamos corrigir aqui, por isso precisamos de tempo. A Câmara tem que ter paciência, e tivemos essa garantia tanto do presidente da Câmara como do líder do governo. O que nos tranquiliza é a possibilidade da negociação.

Paulinho cita como principais pontos que devem ser modificados e para os quais as centrais vão apresentar contra-propostas itens como a idade mínima de 65 anos para o trabalhador se aposentar (“proposta inaceitável”) e a mudança na forma de calcular o benefício, que terá como base 51% das melhores contribuições, mais 1 ponto percentual por ano adicional de contribuição. Ou seja, quem começou a trabalhar aos 16 anos, terá que contribuir por 49 anos para aposentar aos 65 anos de idade e assim, receber o benefício integral. O cálculo de aposentadoria para trabalhadores rurais também foi alvo de críticas da categoria.

Para o deputado, a proposta é tão ruim que sequer contempla pedido de Michel Temer de que as mulheres se aposentem mais cedo que os homens por, segundo Temer, as mulheres também fazerem “o trabalho interno” nas suas casas.

? A proposta é tão ruim que não aceitaram nem o pedido do presidente da República, que disse que tinha que ter diferença para a mulher se aposentar. Isso parece uma coisa dos burocratas do governo que não ouviram as propostas das centrais ? ironizou.

O presidente da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros), Antônio Neto, também disse que a PEC do governo tem defeitos. Segundo ele, o governo “colocou um bode na sala” para aprovar a reforma da Previdência:

? É inaceitável da maneira que está, não contempla a mulher, a questão rural, prejudica demais a aposentadoria dos trabalhadores. O governo parece que colocou um bode na sala para que a gente possa aceitar uma reforma da Previdência ? afirmou.