Cotidiano

Cadáver de ex-presidente chileno Frei Montalva é exumado pela segunda vez

SANTIAGO — Os restos mortais do ex-presidente do Chile, Eduardo Frei Montalva, foram exumados nesta terça-feira pela segunda vez. O objetivo era confirmar se ele foi envenenado pela ditadura de Augusto Pinochet em 1982, quando morreu de uma infecção súbita. O ex-presidente morreu no mesmo lugar onde, nove anos antes, faleceu o poeta e Prêmio Nobel Pablo Neruda, cuja morte também é investigada pela justiça chilena.

Frei Montalva morreu em 22 de janeiro de 1982, aos 71 anos, por uma infecção generalizada na clínica Santa Maria de Santiago, onde havia sido internado para operar uma hérnia. A morte de Frei ocorreu num momento em que se apresentava como um dos principais opositores de Pinochet, cujo regime começou a enfrentar os primeiros protestos sociais nos primeiros anos da década de 80

O corpo do membro do Partido Democrata-Cristão e um dos principais opositores de Pinochet foi exumado em Santiago. Em 2004, o corpo de Frei Montalva já havia passado pelo procedimento pela primeira vez em busca de vestígios de um agente tóxico que poderia explicar a infecção que causou sua morte após uma cirurgia sem grandes complicações.

Como parte desta investigação, presidida pelo juiz Alejandro Madrid, foram indiciados dois agentes da Agência Nacional de Inteligência (CNI), a polícia política de Pinochet, e quatro médicos que trataram o ex-presidente.

A investigação conseguiu determinar que sua morte foi causada por envenenamento provocado por agentes da ditadura. Com a nova exumação, doze anos após a primeira, o que se pretende é obter evidências específicas sobre o agente químico administrado.

Os dois agentes da CNI, Luis Becerra Arancibia e Raul Lillo Gutierrez, foram acusados de serem responsáveis pelo assassinato de Frei. Já os médicos Patricio Silva e Pedro Valdivia foram acusados como cúmplices, e os médicos Helmar Rosenberg e Sergio González como acobertadores.

Todos os acusados se encontram atualmente em liberdade sob fiança. A ditadura militar de Pinochet deixou mais de 3,2 mil mortos e 38 mil torturados.