Cotidiano

Auditoria aponta irregularidades no Instituto Butantan

SÃO PAULO – Uma auditoria apontou uma série de irregularidades nas despesas e contratação de pessoal no Instituto Butantan, principal fabricante e centro de pesquisas de vacinas e soros do país. O relatório foi feito a pedido do governo de São Paulo e obtido pela TV Globo.

Ele mostra que no período em que o presidente do Instituto Butantan Jorge Kalil estava de férias, em julho de 2014, gastou mais de R$ 30 mil em passagens aéreas para a Itália e Porto Rico e mais de R$ 4,5 mil no cartão corporativo. À TV Globo, Kalil disse que interrompeu o descanso para participar de encontros científicos. A viagem a Porto Rico, segundo ele, foi cancelada, e o dinheiro estornado.

O levantamento também mostrou um salto no número de funcionários. Em 2011 eram 798 e, em 2014, 1.422. Cargos ligados à presidência eram apenas dois em 2011 e, em 2014, 29, um aumento de 1.350%.

O relatório também trouxe um diagnóstico dos contratos do instituto com fornecedores e prestadores de serviços. Um contrato com uma empresa chamada L?equipe chamou a atenção dos auditores. Ela foi criada exclusivamente para atender o instituto e ficou responsável pelo preparo e distribuição de refeições para os funcionários, mas caso não consiga realizar o serviço subcontrata uma outra empresa, a Babette Alimentação.

A reportagem da TV Globo foi até o endereço registrado pela Babette na Junta Comercial, mas ele não existe. Nenhum representante dela foi encontrado. Questionado pela reportagem, o advogado da L’Equipe Alimentação disse que a empresa presta serviços ao Butantan há mais de 10 anos, que todos os contratos foram assinados após concorrências públicas, e que tudo foi auditado e autorizado pelo Tribunal de Contas do Estado de São Paulo.

Uma série de polêmicas envolveram a instituição nos últimos dias. No dia 8 de fevereiro, o economista André Franco Montoro Filho renunciou ao cargo de diretor-presidente da Fundação Butantan por discordar da gestão de Kalil.

Reportagem publicada nesta segunda-feira pelo jornal ?Folha de S. Paulo? mostrou que o Instituto Butantan começou a construir, há nove anos, a primeira fábrica de derivados de sangue no país com investimento de R$ 239 milhões, mas ela nunca operou. À ?Folha?, a direção do órgão afirmou que ?que são boas as perspectivas de um acordo com a União para a disponibilização do plasma, sem o qual a fábrica não terá como entrar em operação?.

À TV Globo o Instituto Butantan informou que o aumento do quadro de pessoal se deve ao crescimento da produção do instituto. A secretaria estadual de Saúde inforomou que a investigação dos pontos levantados pela auditoria estão em andamento.