Cotidiano

Amigos e colegas de profissão lamentam a morte do jornalista Luiz Antônio Novaes, o Mineiro

RIO E SÃO PAULO – Amigos, colegas de profissão e intelectuais lamentaram nesta terça-feira a morte do jornalista e escritor Luiz Antônio Novaes, o Mineiro, aos 56 anos. Confira abaixo alguns depoimentos de pessoas que conviveram ou tiveram contato profissional com o ex-editor de Primeira Página do GLOBO.

Paulo Zocchi – presidente Sindicato dos Jornalistas de SP

“Ingressamos juntos na ECA (Escola de Comunicações e Artes da USP) em 1978, no curso de jornalismo. Depois atuamos juntos na Libelu (tendência do movimento estudantil, de origem trotskista) e durante vários anos militamos contra a ditadura. Desde a faculdade ele se destacava por ter uma visão ampla dos fatos. Tinha cultura e conhecimento. Era sério no estudo e no trabalho e costumava ser o organizador das atividades. Já formados, trabalhamos juntos na Folha de S.Paulo. Era um profissional sério e íntegro, mas ao mesmo tempo bem-humorado, brincalhão, tranquilo e risonho. Mesmo em situações difíceis a gente podia ter certeza de que poderíamos rir da situação e de nós mesmos”.

Demétrio Magnoli – sociólogo

“Eu só soube o nome dele depois, muito depois, que ele sumiu. O Mineiro, colega da USP, meu calouro na ECA nos idos de 1978 ou 1979, logo um camarada numa organização trotskista, chegou quase sem bagagem política ou cultural. Tinha, para compensar, inquietação e inteligência incomuns: uma torrente de energia. Tornou-se um amigo querido, e não só meu. O Mineiro tinha a qualidade rara da empatia, num grau superlativo. Mais: sabia ouvir, refletia sobre o que escutava e sempre, inevitavelmente, mas sem nenhuma hostilidade, dizia exatamente o que pensava. O Mineiro sumiu, como tantos, no fim dos anos de faculdade. Eu sabia que era jornalista – e dos bons. De longe, às vezes, lia seus textos lúcidos. A análise derivava do fato, não de um dogma ou de um passeio pelas alamedas da ideologia. Jornalista, dos bons. Finalmente, encontramo-nos de novo, no Rio, muitos anos atrás, quando comecei a fazer colunas para O Globo. Jantamos duas ou três vezes. Era o mesmo, mas com a bagagem completa. Agora, o Mineiro sumiu mesmo. Cedo demais. Perdemos um jornalista, dos bons. Perdi o amigo. Há menos energia no mundo. RIP, Mineiro”.

André Moragas – diretor de Comunicação do Grupo Andrade Gutierrez

“Dizer que o Mineiro era uma pessoa especial não é um “lugar comum”. Sempre com um sorriso no rosto e na voz, Mineiro tinha firmeza e doçura nas medidas certas para exercer uma liderança amigável e justa. Tinha paciência para ensinar e mostrar os caminhos, e também a capacidade de delegar e cobrar resultados coerentes. Era capaz de ouvir e dar espaços para discussões saudáveis e posições antagônicas. Mineiro era uma pessoa do bem e que fazia o bem. Vamos todos sentir saudades”.