RIO ? O mercado de picapes médias evoluiu muito nos últimos cinco anos. E a única que ainda não havia se modernizado era a Nissan Frontier. Agora, a marca japonesa lança a terceira geração da picape no Brasil. Trata-se do mesmo modelo que é chamado de Nissan NP300 ou Navara na Europa. Mostrada no Salão de São Paulo do ano passado, a nova Frontier vem do México em única versão, com preço sugerido de R$ 166.700. Mas isso é só o começo: logo chegarão configurações mais em conta (todas a diesel) e, em meados do ano que vem, a linha passará a ser importada da Argentina.
Carroceria e chassi são compartilhados com a Renault Alaskan e, futuramente, com a inédita picape Mercedes-Benz Classe X. A picape chega ao país equipada com o novo motor 2.3 biturbo da marca, que rende 190cv. O câmbio é sempre automático de sete marchas e a única versão que chega agora tem tração 4×4.
Segundo a Nissan, um dos destaques dessa nova geração da Frontier é a resistência de seu chassi, quatro vezes mais forte que o da geração anterior. Para isso, utiliza oito barras transversais para melhorar a rigidez contra torções, além de ser mais leve e eficiente. A redução de peso também foi expressiva. São 44kg a menos no chassi, 94kg na carroceria e 38kg em outros componentes. No total, são 176kg a menos na balança.
O estilo mudou bastante, mas pode ser considerado até conservador se comparado ao da Ford Ranger, por exemplo. As linhas ganharam volume em relação às da antecessora. E o modelo incorpora a dita identidade ?V-Motion? da Nissan ? faróis e grade formam um bico em ?V? bem aberto, qual um bumerangue. Nessa Frontier topo de linha, aliás, os faróis são de LEDs e incorporam luzes diurnas.
O motor entrou na onda do downsizing: o antigo 2.5 com um turbocompressor deu lugar a um 2.3 biturbo que, apesar da cilindrada menor, rende os mesmos 190cv de antes. Comparado ao da geração anterior, ficou mais silencioso, além de 10kg mais leve.
O câmbio automático de sete marchas (contra cinco de antes) permite que trocas manuais sejam feitas diretamente no seletor. No futuro, haverá uma versão espartana com caixa manual de seis marchas. A tração é 4×4, com reduzida para situações extremas. O eixo traseiro continua a ser rígido, como de costume nas picapes médias. A diferença é que os feixes de antes deram lugar a molas helicoidais e a mais pontos de apoio, atenuando as ?reboladas? e ?quicadas? tão típicos desse tipo de veículo.
E há os gnomos eletrônicos do controle inteligente de descida e do assistente de partida em rampa.Por dentro, o sistema multimídia com tela de 6,2″ permite espelhar o smartphone na picape. A Frontier, porém, fica devendo alguns assistentes de segurança, como sensores de ponto cego e aviso de colisão frontal, disponíveis na rival Ranger.
PRIMEIRAS IMPRESSÕES
A avaliação de lançamento da nova Frontier se deu em duas etapas. O primeiro trecho foi feito por estradas que cortam o interior de São Paulo até o campo de provas Haras Tuiuti (a 100km da capital paulista), onde seriam feitos as demonstrações das aptidões todo-terreno da picape. Logo de cara, a Frontier impressiona. Seu porte é bruto e passa sensação de robustez. A cor laranja metálica, escolhida para o lançamento, também ajuda nisso.
Por dentro, a boa impressão permanece, mas chega acompanhada de um déjà-vu. Tudo é muito parecido com o de outros Nissan. As saídas do ar-condicionado, por exemplo, são como as do March. O acabamento é um ponto que poderia ser melhorado, levando em consideração o preço da versão vendida por aqui.
Em movimento, a Frontier é notavelmente mais confortável do que suas concorrentes. Os truques na suspensão traseira melhoraram muito o conforto até para os passageiros da frente, além de deixar a picape estável na rodovia. A 110km/h, em sétima marcha, o motor ronrona a 2.100rpm e não incomoda em nada, nem pelo barulho, muito menos pela vibração.
O casamento de motor e câmbio, aliás, é louvável. As reduções são feitas sempre no momento certo e as trocas são quase imperceptíveis. O conjunto só perde para o da Volkswagen Amarok e seu motor 2.0 biturbo, com transmissão de oito velocidades e dupla embreagem.
Fora do asfalto, todos os obstáculos são ultrapassados até com certa facilidade. O assistente de partida em rampas funciona de modo impressionante, mesmo em inclinações extremas. O controle inteligente de descida torna qualquer motorista apto a encarar trilhas de dificuldade média. O sistema de 4×4 é acionado por meio de um um botão bem simples e idêntico ao da geração anterior.
A FÍSICA PREVALECE
Na véspera do lançamento, em uma apresentação aos concessionários, um instrutor entrou muito torto nas rampas escavadas para provar a rigidez do chassi. O erro de cálculo fez a Frontier tombar, sem maiores consequências ao piloto. Fica a lição: eletrônica e engenharia ajudam, mas as leis da Física ainda prevalecem…
Em resumo: por R$ 166.700, a Frontier é mais completa do que as concorrentes do mesmo preço, mas ainda deve um acabamento melhor. E lamenta-se a ausência de versões mais em conta ? esperamos que cheguem logo às concessionárias.