Cotidiano

Abelhas com ferrão são proibidas na área urbana

As abelhas auxiliam na produção de cerca de 90% dos alimentos no mundo e são de extrema importância para agricultura mundial, pois são responsáveis por polinizar cerca de 70% das plantas agrícolas

GOVERNADOR LANÇA O PROJETO POLINIZA PARANÁ, PARA INTRODUZIR COLMEIAS DE ABELHAS NATIVAS SEM FERRÃO EM PARQUES URBANOS
GOVERNADOR LANÇA O PROJETO POLINIZA PARANÁ, PARA INTRODUZIR COLMEIAS DE ABELHAS NATIVAS SEM FERRÃO EM PARQUES URBANOS

Cascavel – A criação de abelhas com ferrão dentro de Cascavel não pode ser feita e é considerada crime ambiental. Mesmo assim, a Defesa Civil da cidade que é o órgão que tem atribuição legal para capturar e remover abelhas com ferrão recebe frequentemente denúncias e faz a retirada das criações ilegais. No ano passado a Defesa Civil atendeu 890 ocorrências, um aumento considerável comparado a 2020 que foram 477.

De acordo com o coordenador da Defesa Civil, Marcio Ribeiro, os servidores atenderam algumas ocorrências envolvendo retiradas de abelhas de maneira irregular por apicultores sem preparo e que geram transtornos e ataques num raio em volta do local da existência das colmeias, e em muitas delas a criação irregular estava colocando em risco à população.

A orientação é para que a população acione a Defesa Civil em caso de retirada de abelhas para que o procedimento aconteça de forma programada e segura. O telefone da Defesa Civil é o 199 e pode ser acionado das 8h às 18h. Após esse horário, a ligação deve ser feita para o 153, telefone da Central de Monitoramento do Município de Cascavel.

A ação mais recente foi realizada nesta quinta-feira (20) no bairro Guarujá pela Defesa Civil, com apoio da Guarda Municipal e Secretaria de Meio Ambiente. Foi realizada uma operação de captura de abelhas com ferrão de 25 caixas construídas de maneira irregular, com muita fragilidade, prestes a se romperem. Eram caixas enormes, algumas com mais de 50 quilos contendo mais de 20 mil abelhas, e estavam em área pública. Após a captura elas foram realocadas no apiário que a Defesa Civil tem a 60 km de distância do perímetro urbano.

Abelhas nativas

O Governo Estadual lançou esta semana um programa para a instalação de colmeias de abelhas nativas sem ferrão nos parques urbanos do Paraná. A ação faz parte do Programa “Poliniza Paraná”, desenvolvido pela Secretaria do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo (Sedest) com a intenção de espalhar para todas as cidades os “Jardins de Mel”, programa que começou em Curitiba.

O projeto que promove a criação de abelhas nativas sem ferrão, responsáveis pela polinização de cerca de 90% das plantas brasileiras, surgiu de uma carta recebida de uma aluna do 3º ano da Escola Municipal Castro Alves, do município de São João, na região Sudoeste do Estado. A estudante estava desenvolvendo um projeto e fez um apelo para que a Sedest cuidasse das abelhas.

O foco é divulgar a implantação de colmeias como ferramenta de educação ambiental, mostrando a importância e os benefícios dos serviços ecossistêmicos prestados pelos insetos, além de reintroduzir polinizadores nativos em seus locais de origem, pois muitos se encontram ameaçados de extinção. A reintrodução de abelhas nativas nos espaços é importante porque a polinização é o processo que garante a produção de frutos e sementes, além da reprodução de diversas plantas. Por isso, as abelhas se destacam na manutenção e promoção da biodiversidade.

Além disso, as abelhas auxiliam na produção de cerca de 90% dos alimentos no mundo e são de extrema importância para agricultura mundial, pois são responsáveis por polinizar cerca de 70% das plantas agrícolas.

Das 420 espécies de abelhas sem ferrão do mundo, 300 vivem no Brasil, e aproximadamente 38 no Paraná. Cerca de 100 espécies de meliponíneos que ocorrem no Brasil se encontram em risco de extinção, e isso se deve ao desmatamento, à poluição e às mudanças climáticas. O Poliniza Paraná também é um dos meios de se alcançar as metas definidas nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU).

Segundo o secretário estadual de Desenvolvimento Sustentável e Turismo, Márcio Nunes, cada município deverá pensar em um espaço para receber o Poliniza Paraná. O Paraná tem mais de 100 parques urbanos em construção e nesses parques é obrigatório a implantação dos jardins de mel.

Investimento

O investimento do projeto é de cerca de R$ 7 mil para a instalação das caixas, placas e colmeia. A Prefeitura que aderir ficará responsável pela manutenção, limpeza e conservação das caixas, que terá abelhas como a Guaraipo, que está na lista de espécies ameaçadas de extinção, Jataí, Mandaçaia, Mirim e Manduri. O mel produzido pelas abelhas não será comercializado.

Além disso, técnicos da Sedest vão promover capacitações aos municípios que receberão o Poliniza Paraná. O objetivo é ensinar a fazer a manutenção das casinhas das abelhas e como trabalhar a educação ambiental com os insetos. Em Cascavel, projeto semelhante já havia sido apresentado na Câmara Municipal, proposto pelo vereador Celso Dalmolin.