Cotidiano

A uma semana das eleições, Podemos se consolida como 2ª força na Espanha

MADRI – Após seis meses de indefinição e um governo de funções pela impossibilidade de formar um novo Executivo, a Espanha volta às urnas no domingo (26) para eleições legislativas antecipadas. A grande surpresa no cenário é a coalizão Unidos Podemos. Liderado pelo deputado Pablo Iglesias, o jovem partido de esquerda Podemos se uniu à tradicional Esquerda Unida (IU) e agora já aparece consolidado como segunda força política, de acordo com pesquisas de intenção de voto divulgadas no sábado. ESPANHA

Num levantamento do instituto Metroscopia para o jornal “El País”, o Parlamento do país aparece com o tradicional e conservador Partido Popular (PP) com 114 assentos. O Unidos Podemos tem 93, enquanto o tradicional Partido Socialista (PSOE) alcança só 82. A jovem legenda de centro-direita Cidadãos alcança 39. Outras siglas menores completam as 350 cadeiras. A estimativa de margem de erro é de três assentos, para mais ou para menos.

Já na sondagem da Sigma Dos para o “El Mundo”, o PP aparece mais à frente, com 124 a 129 cadeiras. O Unidos Podemos varia entre 86 e 92. O PSOE tem de 73 a 78 postos, e o Cidadãos vai de 35 a 40.

Ao total, há 350 assentos em jogo, e uma coalizão estável deve ter ao menos 176 (metade mais um), para assim ter direito a formar um novo Executivo. O presidente de Governo é geralmente o presidente do partido que teve mais votos e que forma o governo.

No entanto, nas eleições de dezembro, quase houve uma reviravolta: o PP ganhou as eleições, mas não conseguiu apoio do PSOE para um inédito governo de coalizão entre os rivais históricos. Mesmo unido com o Cidadãos, a sigla liderada por Mariano Rajoy não atingia uma maioria absoluta. Assim, o rei Felipe VI chegou a dar ao PSOE (segundo colocado) a chance de formar governo, mas a sigla de Pedro Sánchez não chegou a um acordo com o Podemos (terceiro), que havia disputado sem o apoio da IU, e também não alcançou os 176 postos necessários.

Como estes quatro partidos foram incapazes de chegar a acordos para formar um Executivo após o pleito, Felipe VI teve que convocar novas eleições, fato sem precedentes na relativamente recente democracia espanhola.

O Unidos Podemos assumiu a segunda colocação no início do mês, tendo intenções de voto com pelo menos dois pontos percentuais à frente da sigla de Sánchez. Caso o PP não consiga formar uma nova coalizão com o PSOE ou com o Cidadãos, muito provavelmente caberá a Iglesias tentar formar um governo.

PSOE e PP têm se alternado à frente de quase todos os governos da democracia espanhola após a morte do ditador Francisco Franco em 1975, embora às vezes tendo que recorrer a alianças com partidos nacionalistas. Mas este bipartidismo de fato imperante na Espanha se rompeu nas eleições de dezembro passado, com a ascensão do Podemos e do Cidadãos.