Com a temporada de férias e celebrações de fim de ano oficialmente aberta, a contagem regressiva para a aguardada viagem de moto já começou. No entanto, este é um período em que o fluxo de veículos nas estradas aumenta significativamente, exigindo não apenas atenção redobrada ao pilotar, mas também cuidados essenciais com a motocicleta para garantir que o momento de lazer e descanso não se transforme em dor de cabeça ou tragédias.
Os dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF) destacam a importância de adotar boas práticas de segurança antes de pegar a estrada, especialmente para aqueles que planejam viajar pelo Paraná e estados vizinhos. A região Sul, juntamente com São Paulo, detém as rodovias com o maior volume de acidentes envolvendo motocicletas.
No Paraná, duas rodovias figuram na lista das “10 mais perigosas” da PRF: a BR 277, líder em mortes de motociclistas no Brasil em 2022, e a BR 376, na sexta posição. O estado também ocupou o terceiro lugar no total de ocorrências no ano passado, com 2.599 pessoas acidentadas em motocicletas em rodovias federais.
O estado de Santa Catarina, por sua vez, apresenta a BR 101 como a sétima colocada no ranking nacional, liderando em número de vítimas em 2022: 3.671. Além disso, a BR 116, no trecho de São Paulo, ficou na segunda posição das estradas mais perigosas em relação a feridos e mortes.
Para evitar se tornar apenas mais um número nas estatísticas, é fundamental que os motociclistas adotem cuidados específicos. Antes de tudo, é crucial nunca pilotar após o consumo de bebidas alcoólicas, mesmo em quantidades moderadas.
“O álcool altera a capacidade de reação e também as habilidades. Imagine numa rodovia e em velocidades maiores”, alerta Antônio Marcos Grigonis, gerente regional da Honda Blokton e responsável por realizar palestras e blitz educativas sobre segurança no trânsito.
Cuidados extras
Em trechos de estradas, é fundamental ter extrema cautela nos cruzamentos e retornos. “A travessia de uma via, onde os veículos circulam em alta velocidade, demanda uma atenção especial. Em vez de correr riscos, é aconselhável aguardar pacientemente até que a passagem esteja livre”, orienta.
A mesma paciência deve ser empregada caso ocorra a perda de algum retorno na rodovia. “Evite realizar manobras arriscadas para retornar e também se mantenha alerta a todo o cenário, uma vez que outros motoristas podem adotar essa ideia imprudente”, ressalta.
A presença de óleo, areia e objetos na pista pode se tornar um problema significativo para os motociclistas, resultando em derrapagens e até mesmo quedas. Grigonis sugere que, ao perceber a presença de objetos na via ou notar um pavimento mais escorregadio, a velocidade deve ser reduzida imediatamente.
“Em situações em que a queda é inevitável, é aconselhável direcionar a moto para o acostamento, visando evitar atropelamentos e acidentes mais graves”, destaca o gerente da Blokton.
Mudança de faixa
Algo recorrente são condutores que realizam mudanças de faixa sem acionar a devida sinalização. Isso coloca em risco motociclistas que podem se chocar com o veículo, perdendo o controle da moto e até serem lançados a distância.
“Não é recomendável utilizar os corredores e, ao se aproximar de um automóvel, use buzina como medida preventiva”, aconselha Grigonis.
Já a presença de chuva aumenta consideravelmente os riscos, tornando a pista mais escorregadia. O acúmulo de água, por sua vez, pode esconder buracos que se transformam em armadilhas para os motociclistas.
“Em dias chuvosos, é aconselhável evitar a condução, mas caso seja inevitável, opte por vias já conhecidas e adote uma direção cautelosa. Se a intensidade da chuva for elevada, faça uma parada em locais seguros, como postos de serviços ou rodoviários. Evite parar sob pontes e viadutos, pois geralmente não possuem áreas de escape, tornando a espera uma situação muito arriscada”, alerta.
Grigonis enfatiza também a importância de não estacionar no acostamento, mesmo em dias secos, a menos que seja uma emergência extrema.
Paradas regulares
Além da direção defensiva, realizar a revisão da moto é essencial. Alguns itens que devem ser checados são: iluminação, setas, pneus, freios, kit relação, nível do óleo e fluídos, entre outros.
O condutor ainda deve estar equipado com a vestimenta apropriada, incluindo capacete fechado, jaqueta com proteções para coluna, ombros e cotovelos, calça de material resistente, botas de cano curto e luvas. “Com o forte calor nesta época do ano, o ideal é vestir uma jaqueta ventilada para não transpirar tanto e sentir desconforto durante a viagem”, ressalta.
O gerente da maior rede de concessionárias de motos no Sul do Paraná também aconselha a distribuição equilibrada da bagagem na moto, observando o limite máximo de carga estipulado no manual do proprietário.
Outro aspecto relevante em deslocamentos de média e longa duração são as paradas regulares para descanso. Grigonis destaca a importância dessas pausas, pois é somente através delas que se restabelecem as condições ideais de concentração e reflexos.
“A decisão sobre quando parar e por quanto tempo é do próprio motociclista, levando em consideração sua condição física, as condições climáticas e a situação da estrada em que está trafegando”, conclui.
Crédito: Divulgação