Toledo – Com um VBP (Valor Bruto da Produção) Agropecuária de mais de R$ 19 bilhões – referência de 2017 com ano/base 2016, lembrando que os dados deste ano devem ser publicados ainda neste mês -, a maior produtora de aves e suínos do Estado, uma das líderes em produção de leite e de grãos no Paraná, a região oeste deverá saber em julho os resultados do Censo Agropecuário que está sendo realizado desde o ano passado. E a preocupação já é grande.
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), órgão responsável pelo levantamento, tem realizado reuniões prévias nos municípios com líderes e representantes do setor para apresentar números preliminares. Mas segundo o apurado pelo Jornal O Paraná, esses números colhidos no campo estariam muito diferentes dos registrados pelo Deral (Departamento de Economia Rural) da Seab (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) e das próprias Secretarias Municipais de Agricultura e de sindicatos rurais.
Entre as maiores diferenças estariam a diminuição de plantéis de aves, suínos e bovinos, de áreas rurais agricultáveis e de famílias que ainda moram no campo.
Embora receosos, líderes que tiveram acesso aos dados preferiram não dar entrevista sobre o assunto. Um líder sindical disse apenas que os números têm sido divergentes com a realidade agrícola regional: “Acreditamos que isso possa ter algum impacto direto sobre as políticas agrícolas adotadas pelo governo, mas, de todo modo, esperamos os dados oficiais para fazermos algum tipo de pedido oficial”, resumiu.
Entre as principais disparidades estão o volume de áreas rurais agricultáveis e de famílias no campo. “Aqui, em Toledo, o que pudemos observar é que o levantamento considerou apenas uma área rural de uma pessoa que tem dois espaços arrendados, por exemplo, o que provoca diferença no número de propriedades”, ilustra o presidente do Sindicato Rural Patronal, Nelson Paludo.
O que líderes do setor cogitam é que essa disparidade vem se acentuando e sofrendo interferências com base no levantamento feito em 2006. Segundo os próprios representantes do agronegócio, o Censo Agropecuário de 2006 não foi detalhado e usou como base os dados já existentes, sendo feitos apenas alguns ajustes.
Outro aspecto que tem chamado atenção é que o censo identificou muitas áreas abandonadas no oeste, sem nenhum tipo de cultivo, o que as tirou das estatísticas.
“Também notamos a diminuição da área produtiva e aumento do perímetro urbano e de loteamentos. Isso de fato tem ocorrido no Município”, completou Paludo.
Já em Foz do Iguaçu, o apurado é que muitas áreas produtivas teriam perdido espaço considerável aos chamados espaços para lazer e turismo. As chácaras de lazer também ganham mais espaço em Cascavel.
Na secretaria do Sindicato Rural de Foz do Iguaçu a informação repassada à reportagem é de que uma reunião com o IBGE será realizada para tratar do tema Censo Agropecuário.
Pedido de alteração
Dentre os pedidos de alteração feitos ao IBGE está um de Toledo. O secretário de Agricultura, Cristopher Azevedo, reforça que os dados ainda passarão por ajustes. “Pedimos um mapa indicando [a delimitação territorial do Município] para o IBGE, pois constam algumas áreas incorretas. Alguns produtores vieram questionar se suas áreas estavam em Toledo ou no município vizinho. Vamos entrar com essa solicitação, mas isso não é culpa do IBGE, é um ajuste a ser feito”, reforçou.
Encaminhamentos
O Sistema Faep (Federação da Agricultura do Estado do Paraná) reforçou que ainda não recebeu comunicado oficial sobre a disparidade de dados, mas adianta que vai auxiliar os sindicatos naquilo que for preciso.
O Jornal O Paraná procurou a chamada biblioteca do IBGE em Curitiba, mas a pessoa responsável não foi localizada. O Deral não quis comentar as informações.