A coleção de microrganismos de interesse agrícola da Embrapa Soja – Banco de Germoplasma para utilização na produção de inoculantes microbianos – foi homologado pelo Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).
O inoculante é o produto comercial que contém microrganismos com ação benéfica para o desenvolvimento das plantas. “Esse reconhecimento é um passo para confirmar a posição de liderança que o Brasil vem assumindo, internacionalmente, no uso de bactérias benéficas na agricultura”, disse a pesquisadora da Embrapa Soja, Mariangela Hungria, curadora do Banco. “O uso dessas bactérias, via inoculantes, resulta em economia para o agricultor, melhoria na qualidade dos solos e preservação do meio ambiente”.
O Banco de Germoplasma atualmente conta com 3,6 mil estirpes de microrganismos (cepas), que estão preservadas por dois modos: liofilizadas (processo de dessecação a vácuo e em baixas temperaturas) e criopreservadas (em temperaturas ultrabaixas, a -80ºC e a -150ºC).
Segundo Hungria, as bactérias de importância para o agronegócio brasileiro, depositadas na coleção, são estirpes autorizadas ou recomendadas pelo Ministério da Agricultura para uso em inoculantes comerciais no Brasil. As indústrias precisam de material puro, viável e certificado para produzir inoculantes de qualidade.
O uso de bactérias capazes de promover o crescimento de plantas por processos como a fixação biológica do nitrogênio está em ritmo crescente no Brasil. Na última safra foram comercializadas mais de 40 milhões de doses de inoculantes, principalmente para a cultura da soja.
Hungria explica que para produzir uma tonelada de soja, por exemplo, são necessários cerca de 80 quilos de nitrogênio. Esse nutriente é o mais requerido pela cultura e pode ser obtido gratuitamente na natureza, por meio de bactérias do gênero Bradyrhizobium (risóbios).
De acordo com a pesquisadora, essas bactérias são capazes de capturar o nitrogênio da atmosfera e transformá-lo em fertilizante para as plantas. A fixação biológica do nitrogênio dispensa a utilização de fertilizantes nitrogenados, produtos que além de aumentar os custos de produção, podem ser prejudiciais ao ambiente.
“Considerando o exemplo da soja e tomando como base os preços atuais no mercado, tem-se que essas bactérias resultam em uma economia, para o País, de US$ 13 bilhões anuais, que deixam de ser gastos com fertilizantes nitrogenados”, calcula a pesquisadora.
A pesquisadora esclarece que o uso dessas bactérias na agricultura reduz a emissão de gases estufa associados ao uso de fertilizantes químicos.
Histórico
A Coleção de Culturas de Micro-Organismos Multifuncionais da Embrapa Soja: Bactérias Diazotróficas e Promotoras do Crescimento de Plantas, atual Banco de Germoplasma, foi iniciada em 1991, na Embrapa Soja, em Londrina.
Desde então, foram incorporadas à coleção diversas bactérias com potencial biotecnológico, ou representativas da biodiversidade global, isoladas no Brasil ou recebidas de outras instituições nacionais e internacionais.
O enriquecimento da coleção é contínuo, assim como o trabalho para implementação de normas de qualidade, seguindo os critérios estabelecidos pela OECD (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia).
A coleção integra a CRB-Br (Rede do Centro de Recursos Biológicos) do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações e também as quatro coleções de microrganismos da Embrapa, que compõem o CRB-Agronegócio.