Ao anunciar que o coronavírus chegou ao Brasil, o ministro Luiz Mandetta disse que “essa é mais uma gripe que a humanidade vai ter que atravessar” e aposta que, “das gripes históricas, essa tem letalidade menor (…) que a humanidade já superou”.
O medo desencadeado com esse novo vírus, o Sars-CoV-2, causador do novo coronavírus (Covid-19), se justifica pelo crescimento de mortes registrados na China e países como Japão e até Itália. Talvez a letalidade dele não seja tão grande (falam que 80% dos casos são leves), mas o que se tem até agora é que esse vírus tem grande poder devastador.
Já passam de 2,7 mil mortes na China ocorridas em apenas dois meses, cujo número continua crescendo. É, sim, de se preocupar. E no Brasil mais ainda diante da nossa histórica dificuldade em lidar com tudo, especialmente crises.
Embora o País tenha declarado estado de atenção há mais de um mês, não há controles em portos e aeroportos internacionais, por exemplo. Ninguém sabe se as ações prometidas, como aquisição de materiais e reforço de mão de obra, já aconteceram. E, diante dos surtos de dengue e sarampo, tudo o que a já superlotada rede pública menos precisa é de mais uma enfermidade para ter que dar conta.
O realismo do ministro é fato. Não temos como nos esconder do vírus que também assusta países desenvolvidos. A diferença é que não sabemos nos preparar. Nunca fazemos a lição de casa. E quem paga a conta é a população, geralmente a mais carente.
Uma das alternativas apresentadas, e que pode ter alguma eficácia, é acelerar a campanha de vacinação contra a gripe, embora esse produto também não tenha conseguido frear as mortes ocorridas ano passado em pacientes que haviam recebido a imunização. Mas, neste momento, é uma esperança.