Agronegócio

Região produz quatro de cada 10 sacas de milho

Palotina – Após 300 milímetros de chuva registrados somente neste mês de março, mais que o dobro da média histórica de 120 milímetros, as lavouras de milho começam a sofrer com o excesso de umidade. A previsão de chuva para toda a semana preocupa o campo, principalmente a precipitação que tem vindo acompanhada por vento e que provoca o tombamento das plantas.

A produtora Euni Oliveira teve parte do cultivo varrida na região de Palotina. A lavoura começava a emergir da terra quando foi levada com a enxurrada do último fim de semana. “A gente já viveu uma situação assim em outubro com a soja. Primeiro era seco e a gente não conseguia plantar e em outubro veio aquela chuva toda [mais de 900 milímetros no acumulado mensal para o oeste] e não teve como segurar. Só que, com a soja, a gente ainda conseguiu replantar, com o milho não tem como, porque o zoneamento já acabou e fica muito arriscado por conta do frio que promete vir em maio e junho. Ele mataria as plantas”, observa, ao lembrar que os dois alqueires serão agora destinados ao trigo.

Segundo o técnico do Deral (Departamento de Economia Rural) do Núcleo Regional da Seab (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) José Pértille, não há registros de áreas expressivas levadas pela chuva na região, mas o excesso de umidade é um problema e que deve favorecer o ataque das doenças oportunistas. Ocorre que esse diagnóstico só poderá ser analisado quando parar de chover e não há previsão de que isso ocorra tão cedo.

O Simepar alerta que a precipitação vem com força até o fim de semana, pelo menos. Somente ontem, da 0h até as 14h, já haviam sido registrados 65 milímetros. “Não tem como aplicar fungicida nem avaliar a situação que estão as lavouras com o tempo desse jeito”, segue o técnico.

Neste momento, 95% das lavouras estão em desenvolvimento vegetativo e 5% em floração. “E o milho que está mais alto é sempre o mais castigado pelo vento”, reforçou.

Em todo o oeste a área destinada à produção de milho safrinha, a principal cultura de inverno, é de 734,5 mil hectares. No Núcleo de Cascavel, onde estão 28 municípios, são 300 mil hectares, e, no de Toledo, onde estão outros 20 municípios, são quase 434,5 mil hectares.

Isso significa que o oeste responde por 34% de todas as áreas de milho safrinha no Estado, onde estão sendo plantados neste ciclo 2,164 milhões de hectares.

Apesar das condições climáticas não muito favoráveis, não há retração na estimativa de produção até o momento. No oeste se espera colher 4,475 milhões de toneladas. A produção é um pouco menor que a registrada em 2017, mas representa agora 36% da produção estadual estimada. No estado deverão ser colhidas 12,296 milhões de toneladas. No Núcleo de Cascavel o volume é de 1,890 milhão de toneladas e no de Toledo 2,585 milhões. Isso significa que quatro em cada dez sacas a serem colhidas no ciclo do milho em curso prometem sair da região.