Agronegócio

Paraguai já compra 15% das exportações do oeste

China ainda é a maior cliente, mas outros países asiáticos estão adquirindo menos da região

Cascavel – Somente neste ano, as sete principais economias da região oeste, Cascavel, Palotina, Cafelândia, Foz do Iguaçu, Medianeira, Marechal Cândido Rondon e Toledo, fecharam negócios com compradores em mais de cem países.

Segundo o Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e Serviços), a balança comercial do oeste do Paraná é diversificada e fornece produtos para, desde os poderosos americanos e chineses, detentores das maiores economias mundiais e esse último o mais populoso do planeta com mais de 1,4 bilhão de habitantes, até a pequenina República de San Marino, localizada no continente europeu e que possui menos de 35 mil habitantes e é considerado o quinto menor país do mundo.

Apenas um município do oeste teve relações comerciais com esse país, trata-se de Cascavel e transações bastante modestas, que não ultrapassam os US$ 70 mil na aquisição de itens na categoria de máquinas e aparelhos, material elétrico e suas partes; aparelhos de gravação ou reprodução de som, aparelhos de gravação ou reprodução de imagens e de som em televisão, e suas partes e acessórios.

Mas vamos ao que interessa… Na ponta de cima das exportações, o destaque fica com a gigante China, que somente neste ano – de janeiro a agosto – já comprou US$ 173,5 milhões da região, 3% a mais do que no mesmo período do ano passado. Volume que representa 16% de todas as vendas internacionais em 2018 desses sete municípios.

Mas um ponto que chama bastante a atenção no ranking dos maiores compradores é o avanço do Paraguai, que já está na cola da China, indicando que logo poderá engolir o superpoderoso mercado asiático.

Para se ter uma ideia, neste ano o oeste vendeu quase US$ 159,8 milhões ao país vizinho, 6% mais que o registrado ano passado.

Na soma de todas as exportações regionais, o Paraguai é o destino de 15% delas.

No caso da China, os principais produtos vendidos para lá são os grãos, sobretudo a soja, e principalmente a carne de frango. Quanto ao Paraguai, o maior volume em compras são animais vivos e produtos vegetais, além da proteína animal transformada em carne resfriada ou congelada.

Diversificação

Para a economista Regina Martins, a diversificação é um importante ponto que merece ser observado. “É muito importante a região diversificar seus mercados e não ficar na dependência de um ou outro país apenas. Qualquer ruptura comercial pode ser catastrófica em situações assim. A diversificação favorece e fortalece a economia. É a velha máxima de não se colocar todos os ovos numa única cesta”.

Quanto ao crescimento do consumo no mercado paraguaio por itens que saem do oeste, a justificativa pode estar, inclusive, na interação comercial cada vez maior com o país vizinho. “Não é segredo para ninguém que muitas empresas brasileiras estão abrindo unidades, filiais do lado de lá da fronteira. Não podemos esquecer que o Paraguai tem apenas 7 milhões de habitantes e já conta com mais de 500 mil brasileiros e essa condição só deve aumentar. Eles sempre foram ótimos parceiros comerciais e estão ampliando o leque com a nossa presença cada vez mais intensa por lá”, seguiu.

Outros países

Enquanto transações entre o oeste do Paraná com alguns países da América do Sul avançam, como também é o caso das vendas para a Argentina, que tiveram elevação de incríveis 45% (de US$ 8,1 milhões para US$ 11,7 milhões) neste ano, sobretudo com a comercialização de animais vivos e produtos do chamado reino animal, a região tem perdido espaço no mercado asiático. Com exceção da China, outros importantes compradores retraíram as aquisições. É o caso do Japão, cuja queda de 2017 para 2018 foi de 25%, reduzindo de US$ 70 milhões em vendas externas ano passado, para menos de US$ 53 milhões neste ano. Somente Palotina, que havia vendido de janeiro a agosto de 2017 o equivalente a US$ 8,7 milhões para os japoneses, neste ano contabilizou US$ 3,8 milhões.

Hong Kong, uma das maiores consumidores de proteína animal transformada no oeste do Paraná, principalmente carne suína, recuou em 30% suas compras. De US$ 62,5 milhões no ano passado baixou para US$ 44 milhões este ano. “Neste caso, pode interferir a briga comercial entre os mais poderosos. Esses países passaram a comprar mais de mercados mais próximos ou dos Estados Unidos”, avalia Regina.

 

Exportações caem 17% em agosto

Os sete principais municípios do oeste do Paraná, que respondem por 90% das exportações da região, registraram queda de 17% nas transações internacionais no mês passado se comparado com os dados de julho.

Enquanto as transações comerciais desses municípios haviam contabilizado mais de US$ 208,4 milhões em julho, em agosto baixaram para US$ 169,5 milhões. Os números revelam que a situação se agravou no último mês tendo em vista que de junho para julho as exportações haviam praticamente se mantido nos mesmos patamares, na casa dos US$ 203 milhões em negociações em cada um desses períodos.

Entre os reflexos disso, analisa o especialista de mercado e economista Neoroci Frizzo, estava o mercado travado por alguns fatores, sobretudo influenciado pelas incertezas jurídicas sobre o frete e uma acomodação de mercado.

Mas graças ao bom desempenho obtido nos primeiros meses do ano, as exportações regionais no acumulado de janeiro a agosto de 2018 estão 7% maiores que no mesmo período do ano passado.

Juntas, as sete maiores economias regionais contabilizaram exportações no valor de US$ 1,059 bilhão neste ano, contra US$ 985,4 milhões em 2017. “O dólar mais alto favorece as exportações, mesmo que comercializando em volumes menores, há compensação nos preços”, segue o economista.

A maior parte das exportações regionais, quase 70% delas, corresponde às carnes de frango. Sozinho, o segmento foi responsável por mais de US$ 700 milhões em divisas. Os maiores exportadores na região continuam sendo os municípios de Cascavel, com mais de US$ 237 milhões em vendas internacionais nos oito primeiros meses do ano, oscilando a primeira posição entre um mês e outro com Cafelândia, que fechou os oito meses com US$ 231 milhões, e Palotina, com US$ 221 milhões.

Balança Comercial de Cascavel

Balança Comercial de Cafelândia

Balança Comercial de Palotina

 

Importações e saldo da balança

Considerando o avanço das exportações no acumulado do ano, de janeiro a agosto, se comparadas a igual período do ano passado, aliado ao recuo, mais uma vez, das importações, agora foram 4% de queda no período, o saldo da balança comercial regional teve crescimento.

De janeiro a agosto do ano passado os principais compradores de produtos importados da região haviam importado o equivalente a US$ 330 milhões, agora foram US$ 318,3 milhões.

O saldo da balança destes municípios que em 2017 haviam contabilizado US$ 655 milhões, agora somam US$ 741 milhões, avanço de 13%. “O motivo está no dólar, cada vez mais alto. A tendência é substituir produtos importados por nacionais, que ficam mais competitivos, ou simplesmente deixar de adquirir aquilo que não for matéria-prima ou essencial”, avalia Neoroci Frizzo.

Para especialistas, a tendência para a balança comercial nos último quadrimestre do ano é de boas vendas, considerando o milho que acaba de ser colhido e as comercializações das carnes para o fim de ano. Entre os pontos de alerta ainda estão a incerteza jurídica e o tabelamento do preço dos fretes, que podem, na outra ponta, encarecer o produto brasileiro e deixá-lo menos competitivo no cenário internacional.