Opinião

O direito à informação

Por Carla Hachmann

Toda troca de governo é marcada por atrapalhos especialmente na área de comunicação. A mudança na equipe, o ingresso de novos chefes, a incerteza da função fazem com que a turma “apanhe” um pouco até se acostumar com o fluxo do trabalho. Tudo bem, mas a sociedade tem direito à informação.

Apesar do discurso de transparência adotado pelos governos eleitos nos últimos anos, na prática ela está longe de existir. E sem justificativa.

São inúmeros os casos e nas mais diversas áreas em que funcionários públicos são proibidos de falar com a imprensa. Alguns casos são até toleráveis, outros, sem explicação.

Exemplo mais grave é o da saúde. Em meio a situações de óbito que têm surpreendido médicos pela rápida evolução e falta de resposta ao tratamento tradicional ao H1N1, a população está às escuras sobre números. Os boletins que deveriam ser pelo menos semanais estão desatualizados e ninguém tem autorização para falar sobre o assunto.

É um bate cabeça e um jogo de empurra que causa revolta, especialmente diante da gravidade da situação.

A população fica perdida. Enquanto as campanhas apelam para que as pessoas procurem a vacina, na ponta o produto não está sendo aplicado, seja por falta de estoque, por desorganização ou pura má vontade.

Todos têm direito à informação. Todos têm direito de saber o que está acontecendo e não ser tratados como bonecos, jogados de um lado para outro com um “volta amanhã”.

Ninguém quer uma epidemia. Ninguém quer morrer. Tampouco adoecer. Não custa às autoridades um pouco mais de boa vontade e disposição e, quem sabe, fazer uso daquela transparência tão falada e prometida durante as campanhas eleitorais. Afinal, como disse o prefeito de Cascavel, Leonaldo Paranhos, em seu perfil de Instagram, “não há vacina para o arrependimento”.