Cascavel – Juízes, promotores e servidores do Fórum de Cascavel promoveram ontem um ato de repúdio contra a aprovação na Câmara Federal de emendas que alteraram o pacote de combate à corrupção. Entre as mudanças no projeto de iniciativa do Ministério Público Federal, os parlamentares incluíram o crime de responsabilidade a magistrados e membros do Ministério Público.
A mudança no pacote de combate à corrupção provocou uma reação em cadeia do Ministério Público e do Judiciário pelos quatro cantos do País.
Para simbolizar o luto contra a democracia, os participantes se vestiram de preto. O promotor Guilherme Carneiro de Rezende foi o primeiro a falar sobre a intenção do protesto. Trata-se de um ato silencioso contra a lei da intimidação, porque estão querendo calar o Ministério Público e a magistratura nacional, afirmou Guilherme.
Para ele, o ato também revela a indignação geral contra as mudanças feitas na calada da noite pelo Congresso, em especial incluir a proposta de abuso de autoridade. A argumentação das autoridades é de que, se a emenda for aprovada, os promotores e os juízes percam a autonomia de atuar e trabalhem com revólver na cabeça.
Para o diretor do Fórum, juiz Sérgio Kreuz, a proposta de combate à corrupção teve o seu objetivo desvirtuado. As medidas têm o objetivo de colocar na cadeia e punir àqueles que cometem crimes e reverter ao patrimônio público os bens desviados por esses políticos e empresários que corromperam esse país, afirmou Kreuz.
Segundo ele, o País passa atualmente por dificuldades econômicas justamente pelos desvios praticados pelos corruptos e corruptores. Em vez de proporcionar esses meio de punição, querem punir os juízes e promotores que estão à frente das investigações. Isso é um verdadeiro descalabro, criticou Kreuz.
Kreuz lamentou que esses fatos estejam ocorrendo e pediu o engajamento da sociedade contra a mudança no pacote anticorrupção. Ele convocou as pessoas para participar do ato público marcado para este domingo em várias cidades brasileiras, incluindo Cascavel.
As autoridades entendem também que a mudança é uma forma de retaliação à Operação Lava Jato. Depois da fala dos juízes e promotores, foi feito um minuto de silêncio como forma de protesto.