Agronegócio

Identificada a presença da ferrugem da soja na região

Com pelo menos metade das lavouras no campo cultivadas há pouco mais de um mês e meio, a ferrugem asiática da soja, ou os riscos da doença atacar lavouras comerciais, já começa a assombrar produtores rurais do oeste do Paraná.

Agrônomo da Emater de Toledo, Célio Potrich revela que já há diversos casos de suspeita da doença em cultivos na região. Por enquanto, os exames laboratoriais que vêm sendo feitos em plantas suspeitas no entorno de Toledo ainda não confirmaram a ação efetiva da doença, mas se sabe que, pelas condições climáticas, pode ser apenas uma questão de tempo para os casos começarem a aparecer. “Já temos diversos casos suspeitos que estão em análise, por enquanto nada confirmado, mas a doença é bastante preocupante”, completa o agrônomo.

Na região de Cascavel, alerta o Consórcio Antiferrugem da Embrapa Soja, foi detectada a presença de esporos da soja em cultivo voluntário, ou seja, não se trata de lavoura comercial, mas o fungo está agindo.

Como a doença é levada pelo vento, chegar às lavouras cultivadas em ampla escala é algo também que pode ocorrer a qualquer momento. Ainda com base no mapa do Consórcio, Toledo é considerada uma área de alerta neste momento.

Com o excesso de chuva registrado na semana passada, os produtores não conseguiam ir a campo para fazer aplicações preventivas de fungicidas. A maioria dos sojicultores aproveitou o último fim de semana e o início desta semana com tempo firme para as aplicações, mas o produto leva alguns dias para fazer efeito. “O alerta que fazemos aos produtores é para que mantenham a atenção sob suas lavouras. É o olho do produtor que pode salvar o cultivo”, reforça o agrônomo Rafael Douto.

Nesta semana um encontro realizado em Toledo ampliou o debate sobre o manejo integrado de pragas e controle de doenças estimulando, tanto assistência técnica quanto o produtor, a ampliar vigilância sobre o cultivo.

A ferrugem se instala na parte inferior da planta e costuma agir de forma silenciosa, mas extremamente devastadora. Quando o fungo chega ao caule e às folhas, afeta o sistema completo da planta e pode zerar a produção em cultivos inteiros. Outro fator preocupante é que este é um momento bastante suscetível á ação do fungo. Como praticamente todas as áreas estão em desenvolvimento vegetativo, a presença da ferrugem poderia representar quedas acentuadas em produção e produtividade. “Quanto mais tarde o fungo atacar, menos nocivo ele é para a soja. Neste caso, como ainda é muito cedo, então é muito preocupante”, seguiu Rafael.

Outro alerta é porque as condições climáticas estão perfeitas para a proliferação da doença: excesso de umidade e tempo quente.

No oeste serão cultivados com a oleaginosa cerca de 1,1 milhão de hectares que devem render cerca de 3,9 milhões de toneladas. De toda área projetada para cultivo, somente cerca de 25 mil hectares ainda não foram cultivados. As demais áreas estão em germinação ou desenvolvimento vegetativo. A colheita só ocorre a partir de janeiro.