Policial

Enfrentamento agrava tensão na fronteira

Terra Roxa – Um novo enfrentamento entre indígenas e produtores rurais em Terra Roxa ontem – o segundo em 45 dias – por pouco não resultou em tragédia. Segundo relatos dos produtores, desta vez o motivo do confronto foi a chegada de casas de madeira enviadas pela Funai (Fundação Nacional do Índio) para uma área já invadida. Segundo representantes do Sindicato Rural local, não se pode admitir o envio e a construção de residências em áreas particulares que estão ocupadas irregularmente.

Quando os produtores observaram a aproximação do caminhão, reuniram-se para tentar impedir o acesso. Os índios reagiram, armados com arcos e flechas, e avançaram sobre os produtores. O confronto se estendeu durante quase toda a manhã. Começou às 10h e foi até as 13h30. Ninguém se feriu.

De acordo com os produtores, apesar se ser acionada, a polícia não foi até o local.

Este foi o segundo enfrentamento entre indígenas e produtores rurais em 45 dias, aumentando a cada dia a tensão na região da fronteira com o Paraguai. No mês passado um grupo de pelo menos 15 indígenas teria tentado invadir mais uma área particular e os próprios produtores se reuniram para tirá-los dali à força.

Somente em Terra Roxa existem hoje seis dessas invasões de terras. Os produtores afirmam que diariamente estão mobilizados para impedir a chegada de novos grupos que, segundo eles, têm vindo principalmente do Paraguai.

Esses confrontos potencializam a tensão naquele entorno. Além de Terra Roxa, a vizinha Guaíra convive hoje com oito áreas invadidas e o receio de novas ocupações regulares a qualquer momento. A situação se repete em Santa Helena.

Os ânimos ficam ainda mais aflorados com a tensão vivida sobre a demarcação de terras, que segue em curso e tira o sono do setor produtivo. Elas podem ser anunciadas a qualquer momento.

A reportagem tentou contato com a CTL (Coordenadoria Local Territorial) da Funai em Guaíra, mas ninguém atendeu às ligações.

O novo coordenador da CTL iniciou os trabalhos no dia 10 deste mês. A unidade estava sem coordenação desde o fim do ano passado, quando o então coordenador pediu exoneração da função ao alegar que havia sido ameaçado. Ele é investigado por supostas fraudes no processo que deu origem ao estudo da demarcação das terras indígenas.