Educação

Como as startups têm contribuído para a educação no Brasil

Elas estão presentes em 25 dos 26 estados brasileiros, 7,8% do total de 350

Gustavo Leme, da Estudante Herói, startup que imprime gratuitamente para universitários - Foto: Divulgação
Gustavo Leme, da Estudante Herói, startup que imprime gratuitamente para universitários - Foto: Divulgação

Um levantamento feito pela ABStartups (Associação Brasileira de Startups) revela que o maior segmento de startups do Brasil é o de educação, as chamadas EdTechs. Elas estão presentes em 25 dos 26 estados brasileiros, 7,8% do total de 350. Segundo relatório EdTechXGlobal, suas receitas crescem em média 20% ao ano e, até 2020, podem faturar US$ 252 bilhões.

Segundo Gustavo Leme, CEO da Estudante Herói, startup que imprime gratuitamente para universitários, a liderança é reflexo de um movimento mundial de “repensar a educação”, ou seja, de mudar o papel dos pais, dos professores, das escolas, e melhorar, de modo geral, o ensino e o aprendizado. “É desse pensamento coletivo que vêm as oportunidades para essas empresas, que usam a tecnologia para auxiliar todo o ecossistema educacional, de alunos a instituições”.

Leme lembra que, em um passado não tão distante, as salas de aulas eram resumidas a alunos enfileirados ouvindo um professor e anotando o que havia no quadro, isso do pré à universidade. “O surgimento das Edtechs fez com que isso fosse sendo modificado aos poucos. As tecnologias têm surgido para tornar o ensino menos padronizado, mais imersivo, colaborativo e aberto”, explica, e reforça que, quando tecnologias entram nesse setor, as vantagens vão de personalização, flexibilização e aumento de desempenho, até engajamento de todos os envolvidos no ecossistema.

“Existem startups focadas no ensino básico, ou seja, nas crianças e nos adolescentes, pensando em prepará-los para profissões do futuro. Outras, na área acadêmica, com soluções para alunos e professores. Além das que investem em educação corporativa, mais voltadas à capacitação profissional”, exemplifica.

Segmentos

No Mapeamento Edtech 2018, realizado pela Abstartups, 61,6% das startups de educação atuam com produção de conteúdo e 18,95% com coleta de dados e processos, enquanto o restante se divide entre gestão de informações, realidade virtual e aumentada, simulados e avaliações, entre outras categorias.

Ou seja, as soluções apresentadas vão de plataformas online e jogos educacionais para auxiliar no aprendizado, a otimização de tempo, custos e ferramentas utilizadas por alunos, pais e professores.

Segundo Leme, as Edtechs conseguem identificar como a disseminação do acesso ao mundo digital pode contribuir para a educação e não o inverso, como muitos acreditam. Elas criam alternativas para tornar a educação mais eficiente, mais rápida e com maior retenção por parte dos alunos.

Para o CEO, o surgimento dessas empresas é importante para retomar o interesse dos jovens pelo aprendizado, para motivar o público, principalmente, para um futuro empreendedor, que por produzir bens e serviços se torna peça chave para um crescimento econômico.

Mão de obra

Estudo realizado pelo Banco Mundial identificou que 50% dos jovens brasileiros estão em risco de não ingressar no mercado de trabalho. “Isto é, o Brasil, que já ocupa uma posição bem baixa no ranking de mão de obra qualificada, tende a cair ainda mais nesse quesito”, alerta Gustavo Leme.

Por isso, mais que importante, investir em EdTechs é necessário: “Social, cultural, político e economicamente, elas vieram para transformar mais do que o setor em que atuam, mas para servir como base para o crescimento e desenvolvimento dos demais setores e resolver um problema latente de desengajamento por parte dos jovens brasileiros”.