Opinião

Coluna Amparar: Por que é preciso encerrar os vínculos passados?

Coluna Amparar: Por que é preciso encerrar os vínculos passados?

 

 

Nas postagens anteriores falamos dos vínculos afetivos que estabelecemos ao longo da vida. Uma nova questão nos é proposta: quando e como um vínculo pode ser dissolvido? Aqui Hellinger nos aponta para a seriedade das relações que estabelecemos quando delas resultam vínculos intensos: “Através da consumação do amor o homem e a mulher se vinculam de maneira indissolúvel. Depois já não estão livres, ainda que o queiram” (Hellinger, B. Lograr el amor en la pareja, p. 19). O laço emocional invisível que nos prende à outra pessoa não tem como ser dissolvido, não é possível “desfazer o nó” que nos amarra, nos prende um ao outro.

Significa isso, então, que não é possível estabelecer novos vínculos depois do primeiro? Obviamente não se trata disso. A questão é outra: sob qual condição os vínculos subsequentes ao primeiro podem alcançar êxito? Isto nos introduz a outra questão: o que acontece quando se estabelece um vínculo novo sem encerrar o vínculo anterior?

Vamos dar a palavra novamente a Hellinger para introduzir a resposta: “O fato de que existam vínculos anteriores não significa que nenhuma relação posterior possa alcançar êxito. No entanto, unicamente se alcança êxito sob a condição de que a relação anterior seja respeitada e reconhecida” (Hellinger, B. Lograr el amor en la pareja, p. 20). “Honrar e respeitar o relacionamento anterior”! Já falamos muito disso nas últimas postagens.

Para concluir esta reflexão vamos apresentar algumas breves dinâmicas sobre como proceder para encerrar vínculos anteriores. Quando deixamos os relacionamentos em aberto, quando não fazemos um movimento consciente de encerramento deles, não raro ocorre uma expiação por parte de um filho ou de um parceiro em relacionamentos posteriores. O mais comum de acontecer, no entanto, costuma ser o insucesso nas relações amorosas subsequentes. Como devemos proceder?

Primeiramente, separe um tempo introspectivo e relacione as pessoas que impactaram suas emoções: talvez aquela garota ou garoto que despertou pela primeira vez seus desejos; a prima ou primo com quem trocou um beijo cheio de medos; o namorado ou namorada com quem vislumbrou uma família sem ter dado sequência. Pense com gratidão sobre o que essas pessoas possibilitaram e trouxeram para sua vida.

Depois disso, identifique mentalmente a pessoa pelo nome e diga a cada uma delas interiormente as frases a seguir: “Você tem um precioso lugar na minha vida e na minha história; agradeço por tudo o que você despertou no meu coração e agora sigo leve”. “Assumo a responsabilidade pelas minhas ilusões, fantasias e expectativas. Fico com o que é meu e deixo com você o que é seu”. “Sou grata(o) por você  me liberar e libero também  você; liberados, agora seguimos ambos rumo ao futuro”.

Finalmente, observe no seu corpo o que acontece. Caso sinta necessidade, considere a possibilidade de fazer uma constelação familiar conduzida por um profissional habilitado. O mesmo ritual pode ser feito em casos de separações, o que possibilita maior discernimento e êxito nas futuras relações.

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JOSÉ LUIZ AMES E ROSANA MARCELINO são terapeutas sistêmicos e conduzem a Amparar.