Cotidiano

Boreal apresenta sua ?canção de câmara? hoje no Teatro Ipanema

RIO — A beleza pode vir de lugares estranhos, e a estranheza de lugares belos. Seria compreensível dizer que a música do Boreal — que lança hoje seu EP de estreia, no qual aproxima humor e sombras, invenção e graça, aura clássica e alma transgressora — parte exatamente desses paradoxos. Pedro Dias Carneiro — que integra o grupo com Luiza Brina, Aline Gonçalves e Karina Neves — contesta e reafirma isso ao dizer que sua música vem da BR-040:

— Existem algumas explicações para a origem do Boreal, desde a vontade de ver a aurora boreal juntos até o desejo de inventar luz nestes tempos sombrios. Mas podemos dizer que o Boreal se formou na BR-040. Idas e vindas entre Belo Horizonte e Rio de Janeiro, amizade, parceria musical, vontade de estar juntos. A Luiza morou no Rio durante seis anos e, quando voltou a BH, resolveu montar uma banda com a gente pra ter uma desculpa pra continuar vindo regularmente.

A surpresa marca presença nas seis faixas, seja em letra ou em música (frequentemente no encontro das duas), confundindo belo e estranho:

— Talvez no limite da invenção esteja a grande beleza, e vice-versa. As canções praieiras de Dorival, a obra completa do Milton, o Guinga e outros inventores da beleza apontam nessa direção. No Boreal, acho que, em geral, a gente quer que soe bonito e, às vezes, naturalmente o que achamos bonito são coisas estranhas. Existe também nosso lado instigado e inquieto de buscar caminhos que possam nos surpreender, mas o ouvido e o estômago costumam ser os guias — ressalta Carneiro.

Em meio aos sopros e violões que compõem o universo que chamam de “canção de câmara”, há a presença clara do humor:

— O humor assume a função de trazer o ouvinte pra uma atmosfera um pouco menos formal do que a do lirismo sugerido pelos arranjos e pela instrumentação, e às vezes até pelas letras — diz Carneiro, que lista referências brasileiras como Egberto Gismonti e Hermeto Pascoal. — Além deles, convivemos bastante com a música dos nossos vizinhos da América Latina, a Violeta Parra é um símbolo muito importante. Os compositores de hoje em dia, o pessoal da música instrumental que está indo cada vez mais fundo, os mestres de coco, boi, congado, maracatu. Talvez essas influências sejam mais perceptíveis na música que a gente faz, mas também gostamos de pagode, funk, Rita Lee, sorvete de chocolate e cerveja.

SERVIÇO

Boreal/Projeto Curto Circuito

Onde: Teatro Ipanema — Rua Prudente de Morais 824-A (2267-3750).

Quando: Hoje, 20h30m.

Quanto: R$ 40.

Classificação: Livre.