Economia

Bolsa cai 1% após nova debandada na equipe de Guedes; dólar sobe 0,2%

Bolsa cai 1% após nova debandada na equipe de Guedes; dólar sobe 0,2%

São Paulo – Apesar do cenário favorável que se desenhava pela manhã, as trocas dentro do Ministério da Economia, no dia da instalação da CPI da Covid, afetaram os ganhos dos ativos locais nessa terça-feira (27), fazendo a Bolsa brasileira (B3) fechar em queda de 1%, aos 119.388,37 pontos. No câmbio, o dólar terminou o dia cotado a R$ 5,4612, em alta de 0,23%.

A sensação de desmonte na equipe econômica, combinada à expectativa de aumento da temperatura política pouco depois de o governo ter se mostrado refém do Centrão na longa deliberação sobre o Orçamento de 2021, aumentaram o clima de aversão aos riscos. “A cena política gerou maior estresse para os mercados e resultou em menor apetite por risco”, diz Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora.

A princípio, as baixas na equipe econômica observadas pela manhã – a saída da assessora especial para a reforma tributária, Vanessa Canado, indicada na noite de segunda, seguida ontem pela do número 2 da Economia, Waldery Rodrigues, da secretaria especial de Fazenda – foram recebidas de forma branda na Bolsa que, embora em baixa, conservava até então a linha de 120 mil pontos que tem prevalecido nesta segunda quinzena de abril. A substituição de Waldery por Bruno Funchal, vindo da secretaria do Tesouro, foi bem recebida pelo mercado, pelo fato de ser um nome técnico.

À tarde, a lista de baixas cresceu, com a indicação de que Martha Seillier, secretária do PPI, também está de saída do governo, assim como a secretária-adjunta de Comércio Exterior, Yana Dumaresq, e o secretário de Orçamento, George Soares.

No limite, o temor é de que o Ministério da Economia venha a ser fatiado para acomodar interesses políticos, especialmente em um Planejamento, Trabalho ou mesmo Desenvolvimento recriado às vésperas da batalha que parece se avizinhar no Senado, sobre a má gestão da pandemia.

Nesse pior cenário, mais do que um desmonte de equipe, o que estaria entrando em decomposição, segundo a percepção de analistas, é o próprio ministério, com Paulo Guedes como capitão cada vez mais solitário no navio que faz água.