Agronegócio

Aftosa: mais de 92 mil animais ainda não foram vacinados

Um dos efeitos da greve dos caminhoneiros foi a necessidade de ampliação do prazo da campanha de vacinação contra a febre aftosa também no Paraná. A mobilização, que parou o País por dez dias, travou a primeira de uma série de duas campanhas anuais em duas frentes.

Numa delas, as casas veterinárias que precisavam repor estoque das vacinas não conseguiram que seus carregamentos chegassem. Entre as que tinham vacina para vender, o que se notou foi que o produtor não entrou para comprá-las e, na avaliação de técnicos da Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná), isso ocorreu por dois motivos: porque os produtores estavam apoiando os protestos e estavam nos piquetes, ou porque o produtor não conseguiu passar pelas barreiras para fazer a aquisição.

Assim, a campanha que deveria ter sido encerrada no dia 31 de maio ganhou um fôlego e o pecuarista deverá vacinar e comprovar a vacinação até o dia 15 de junho.

No início desta semana ao menos 92 mil de um rebanho de 542 mil animais nos núcleos de Cascavel (32 municípios) e de Toledo (20 municípios) ainda não tinham a comprovação da imunização no sistema da Adapar.

No núcleo de Cascavel, lembra o veterinário Juliano Mourão, a confirmação havia sido feita para pelo menos 75% de um rebanho de 400 mil cabeças de bovinos e bubalinos de até dois anos de idade.

Em Toledo a comprovação havia sido um pouco maior, de um rebanho de 142 mil cabeças, a confirmação já ultrapassava os 90%, informou o veterinário Gilmar Jorge Vieira.

Segundo Juliano Mourão, pode até ser que os animais tenham sido vacinados já e que apenas não houve o comunicado. A comprovação deve ser feita pelo site da Adapar ou direto nas unidades da agência em cada município. “Os números no sistema mudam com frequência porque sempre chegam comprovações”, reforçou Juliano, apesar de confirmar que o ritmo de comprovações no núcleo de Cascavel está um pouco abaixo do esperado.

“No início da campanha foi tudo bem, caminhava tudo no cronograma, depois disso notamos o diferença e a redução”, seguiu.

Vale ressaltar que o produtor que não vacinar será multado em R$ 100 por cabeça, enquanto a vacina custa R$ 1,50 a dose. Além da multa, haverá a obrigatoriedade de fazer a vacinação assistida pelos técnicos da Adapar.

Status sanitário

A preocupação com a campanha é para assegurar um status sanitário que possa elevar o Paraná à área livre da doença sem vacinação, a exemplo do que ocorre com Santa Catarina, o único estado brasileiro a alcançar essa certificação.

Desde o ano passado tramita no Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) esse processo de análise para o Paraná, que se encontra hoje em avaliação em um bloco composto ainda por estados como o Mato Grosso do Sul e o Rio Grande do Sul.

Em janeiro, o Mapa fez uma auditoria no Estado para saber se há condições sanitárias para esse decreto, mas o resultado ainda não foi divulgado.

O Paraná formalizou pedido ao Ministério para que deixe o bloco de avaliação para antecipar o status, mas esse pedido ainda não foi concedido nem há confirmação se será concedido.

Caminho para o fim da vacinação

Caminha-se para que este seja o último ano de imunização no Paraná. A segunda etapa da campanha, como de costume, será em novembro, quando todos os animais precisarão ser vacinados, independente da idade. Somente no oeste são 920 mil bovinos e bubalinos no núcleo de Cascavel e 420 mil no núcleo de Toledo.

O último caso de febre aftosa identificado no Paraná foi em 2005 e desde então o Estado precisou adotar barreiras ainda mais rigorosas ao processo de sanidade animal.

A concessão de área livre da doença sem vacinação deverá ter reflexos comerciais eminentes, como abertura de novos mercados às exportações e reconhecimento do status internacional que beneficiará também a cadeia de suínos, com garantia de maior certificação e controle sanitário. Mesmo se o Estado for declarado área livre sem imunização, o reconhecimento no mercado externo só deve ocorrer em dois anos.

No mês passado o Brasil foi declarado área livre da doença, mas com vacinação. Esta foi a primeira vez na história que o País alcançou este status.