Opinião

A reinvenção do trabalhador

Por Carla Hachmann

Um clássico dos cinemas e das faculdades de Administração e Economia, Tempos Modernos retratava o trabalho mecânico, metódico e repetitivo. O trabalhador era dedicado ao “chão de fábrica” e suas ideias ou criatividade totalmente dispensáveis.

O intenso crescimento econômico e populacional modificou completamente o cenário um século depois. O “apertador de parafusos” já nem existe mais e hoje praticamente toda a montagem industrial é robotizada. As previsões se confirmaram e os robôs substituíram boa parte dos trabalhadores.

O desemprego é um fantasma que assola quase todas as economias do mundo, além do subemprego e do trabalho quase escravo.

No Brasil, após um período que chamam de “pleno emprego” registrado no início desta década, o contingente de mão de obra desocupada só aumentou e, mesmo que a economia se superasse e crescesse a patamares chineses, é muito difícil que o setor produtivo absorvesse todos os desocupados.

Isso porque a própria realidade do trabalho mudou.

Os níveis de produtividade aumentaram e a formação acadêmica não é mais suficiente para garantir um emprego. É preciso se reinventar.

Em tempos em que robôs assumem a parte mais pesada e mais repetitiva, o que sobra é a criatividade. E esse ainda é um desafio novo. Um grande desafio. É que as escolas e as universidades não ensinam a criar.

Fato é que precisamos todos comer, e para isso é preciso ter algum rendimento. Se o cenário preocupa, é bom se preparar porque muita mudança vem por aí. Cerca de 85% das profissões da próxima década ainda nem foram criadas. Ser criativo não será mais hobby ou luxo, mas uma questão de sobrevivência.