Cotidiano

Vítima de chacina fez queixas de ameaça e agressão contra atirador de Campinas

SÃO PAULO – Isamara Filier, de 41 anos, uma das vítimas da chacina que deixou 12 mortos em Campinas (interior de SP) no réveillon, registrou cinco boletins de ocorrência contra Sidnei Ramis de Araújo, autor do crime. Das queixas, quatro envolvem ameaças, agressão e violência doméstica. A primeira denúncia à polícia, por ameaça e injúria, foi registrada em 2005, quando Isamara ainda era casada com Sidnei, segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo.

As demais queixas foram registradas em 2012 (ameaça e injúria), 2013 (vias de fato, agressão sem lesão) e em 2015 (violência doméstica e ameaça). Em nenhum dos casos, porém, Isamara deu continuidade às denúncias, por meio de representação criminal. Na última denúncia, de 2015, a Secretaria de Segurança informou que ela foi orientada sobre a possibilidade de se obter medida restritiva contra Sidnei, mas ela rejeitou a opção.

Além das ameaças, Isamara ainda acusou o ex-marido de abusar do filho João Victor Filier de Araújo, de 8 anos. A acusação foi feita em processo judicial sobre a guarda do filho, motivo apontado por Sidnei para o crime, segundo o conteúdo de gravações e cartas que ele deixou.

Outra acusação feita em 2014 envolve justamente as visitas ao filho. Ele teria se aproximado do menino em dia não autorizado para a visita.

Sidnei, que era técnico de laboratório e trabalhava desde 1991 no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais, em Campinas, invadiu uma casa onde Isamara comemorava o réveillon com a família. Ele pulou o muro e começou a disparar uma pistola 9 mm contra quem viu pela frente. Por fim, atirou contra a cabeça do próprio filho e se matou.

Além da pistola, que tinha numeração raspada, ele levava dez aparatos, aparentemente explosivos, carregadores, munição e um canivete.

As vítimas, todas da mesma família, foram enterradas ontem em Campinas. Sidnei foi sepultado em Jaguariúna, em uma cidade vizinha de Campinas.