Cotidiano

´Único prêmio que buscamos é a paz?, diz líder das Farc excluído do Nobel

201610030106066266_AFP.jpg BOGOTÁ ? O chefe máximo das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Timoleón Jiménez, conhecido como Timochenko, disse nesta sexta-feira que a guerrilha busca apenas um único prêmio: a paz com justiça social, em uma Colômbia livre do paramilitarismo. A declaração veio depois que o presidente do país, Juan Manuel Santos, ganhou o Nobel da Paz 2016 pelas negociações do acordo de paz com os rebeldes das Farc. O prêmio, no entanto, excluiu deliberadamente Timochenko, que assinou o pacto com Santos.

“O único prêmio que buscamos é o da #PazComJustiçaSocial para a #Colômbia sem paramilitarismo, sem retaliações nem mentiras #PazALaCalle”, escreveu Timochenko em sua conta no Twitter.

O comitê responsável pela entrega do prêmio elogiou Santos por seus “esforços determinados para acabar com mais de 50 anos de guerra civil em seu país.” O anúncio foi feito pelo comitê que entrega o prêmio na manhã desta sexta-feira.

O pacto com a guerrilha, contudo, foi rejeitado em referendo no domingo, o que levou a Colômbia a sair da lista de favoritos ao Nobel. Timochenko e Santos estavam entre os mais cotados para receber o prêmio antes da derrota no referendo. Depois do “não” ao acordo, pesquisadores de iniciativas de paz retiraram a Colômbia de uma lista de favoritos.

? O prêmio também deve ser visto como uma homenagem ao povo colombiano ? disse a chefe do comitê Kaci Kullmann, ao anunciar a honraria. ? Os eleitores não disseram ‘não’ à paz, mas ao acordo.

A premiação foi concedida muitas vezes a processos de paz promissores, como o da Irlanda do Norte em 1998, entre israelenses e palestinos em 1994 e até no Vietnã em 1973, mas jamais indo de encontro a uma votação popular.

No valor de (US$ 930 mil), o prêmio será entregue em Oslo em 10 de dezembro.

NEGOCIAÇÕES CONTINUAM

Apesar da rejeição ao acordo, as negociações para a paz continuam na Colômbia. O presidente Santos e o ex-presidente Álvaro Uribe, líder da campanha pelo ?não?, se reuniram nesta semana para tentar salvar o pacto. Uribe defende que alguns pontos sejam revistos.

Os líderes das Farc também se mostraram determinados a continuar as conversas e prometeram não voltar à guerra.

O resultado apertado no referendo ? 50,21% para o “não” e 49,78% para o “sim” ? evidenciou um país dividido sobre como alcançar a paz.

O conflito na Colômbia provocou a morte de 260 mil pessoas e deixou quase 7 milhões de deslocados internos e 45 mil desaparecidos.