CLEVELAND e GRAND RAPIDS, Esados Unidos – O candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, atacou sua rival Hillary Clinton nesta segunda-feira, considerando-a uma ameaça para o país, dizendo que elegê-la enquanto o FBI estava investigando material possivelmente relacionado às configurações de seus emails poderia lançar o país em uma crise.
? A investigação vai durar anos. O julgamento provavelmente começará ? disse Trump em evento de campanha em Grand Rapids, Michigan. ? Nada será feito. Eu posso dizer a vocês, seus empregos continuarão a deixar Michigan. Nada vai ser feito.
Trump disse que eleger Hillary em 8 de novembro deixaria o país “em uma crise constitucional com a qual não podemos arcar. Pessoal, temos que voltar a trabalhar. Vocês não podem aceitar isso, eu não posso aceitar isso, ninguém pode”.
Pouco foi divulgado ainda sobre o conjunto de emails sendo investigado, com exceção de que eles foram encontrados durante uma investigação separada sobre o ex-marido de uma importante assessora de Hillary, Huma Abedin. O diretor do FBI, James Comey, disse numa carta breve sobre o tema a parlamentares na sexta-feira que “não se sabe o quão significativa é a nova coleção de mensagens descoberta”.
Trump, aproveitou as notícias para intensificar a sua antiga acusação de que falta a Hillary integridade, na expectativa de que ele possa dar uma improvável volta por cima de última hora e ganhar as eleições.
Pesquisas de opinião mostram que a vantagem de Hillary sobre ele diminuiu levemente desde o início da semana passada. Não se sabe ainda se a controvérsia sobre os emails vai atingir o grau de apoio a ela. Milhões de americanos já registraram os seus votos nas votações antecipadas.
O FBI passou um ano investigando o uso que Hillary fez quando secretária de Estado entre 2009 e 2013 de um servidor privado de emails, e não dos sistemas do governo. Comey concluiu em julho que Hillary e o pessoal dela haviam sido ?extremamente descuidados? ao lidar com informações confidenciais, mas apesar disso, não havia base para indiciamentos.
A campanha de Hillary e os seus apoiadores atacaram furiosamente Comey por divulgar informações que levantam dúvidas, mas sem fornecer nenhum detalhe, tão perto do dia do pleito. Alguns líderes partidários dizem que a agência está escondendo informações prejudiciais da campanha de Trump.
A Casa Branca evitou nesta segunda-feira criticar diretamente Comey, que foi indicado pelo presidente Barack Obama, um democrata, em 2013. Obama vê o chefe do FBI como um homem de integridade e não acredita que ele está secretamente tentando influenciar o resultado da eleição, disse Josh Earnest, porta-voz da Casa Branca, à imprensa.
Contudo, ele acrescentou que Obama acredita que, em relação ao FBI, é importante seguir normas e tradições sobre a divulgação de informações.
Hillary fez campanha em Ohio nesta segunda-feira e tentou ir além da polêmica, dizendo aos simpatizantes para se manterem focados em ganhar as eleições.
? Não há nenhum caso aqui ? disse ela em comício numa universidade.
Mais cedo, ela afirmou num café em Cleveland que o tema dos emails é ?muito barulho, muita distração. Jogando coisas em mim. E nós temos apenas que manter as pessoas seguindo, se movendo e votando?.
?INFORMAÇÃO EXPLOSIVA?
O senador Harry Reid, líder dos democratas no Senado, acusou Comey no domingo de ter ?dois pesos e duas medidas para o tratamento de informação sensível, com o que pareceu ser uma intenção clara de ajudar um partido político em detrimento do outro?.
Ele declarou, sem mostrar evidências, que o FBI mantinha escondida ?informação explosiva? sobre laços entre a campanha de Trump e autoridades russas.
O deputado democrata Elijah Cummings fez a mesma acusação na segunda-feira, insistindo para que o FBI divulgasse informações sobre relações de Trump e seus assessores com a Rússia.
Uma porta-voz do FBI afirmou no fim do domingo: ?Quando recebermos a carta isso será tratado por intermédio do nosso processo costumeiro de resposta a membros do Congresso?, se referindo à acusação de Reid.
O governo dos EUA tem acusado a Rússia de uma campanha de ciberataques contra o Partido Democrata que levou à divulgação de milhares de emails obtidos ilegalmente. O Kremlin nega a acusação. Trump não quis implicar a Rússia em irregularidades.