RIO ? O governo do presidente americano Donald Trump herdou uma crucial guerra cibernética com a Coreia do Norte. Em reportagem especial publicada neste sábado, o jornal ?New York Times? relata o longo histórico das tentativas secretas dos EUA de prejudicar o programa de desenvolvimento de mísseis do país. Segundo o diário, os ataques eletrônicos ganharam ainda mais força há três anos, quando o ex-presidente Barack Obama, já em seu segundo mandato, ordenou que o Pentágono redobrasse seus esforços de sabotagem.
Ainda de acordo com o ?New York Times?, logo depois da ordem de Obama mísseis norte-coreanos começaram a explodir ou a saírem do curso, mergulhando no mar. Para alguns especialistas, estes problemas foram resultado direto das iniciativas de guerra cibernética adotadas pelo Pentágono, que também deram aos EUA mais tempo para desenvolverem suas defesas antimísseis. Outros especialistas, no entanto, creditam estes problemas mais a defeitos de fabricação, funcionários insatisfeitos ou simples incompetência.
O fato, também destaca o jornal, é que nos últimos oito meses a Coreia do Norte voltou a testar com sucesso por três vezes mísseis de médio alcance. Diante disso, o ditador norte-coreano Kim Jong-un anunciou que seu país está ?na fase final de preparações? para os primeiros testes do que seria um míssil intercontinental capaz de ameaçar algumas das maiores cidades dos EUA.
Trump, por sua vez, já demonstrou que vai preferir responder agressivamente a qualquer ameaça norte-coreana. Em uma publicação na rede social Twitter logo após as declarações de Kim, Trump escreveu ?isso não vai acontecer!?. Mas o presidente americano está rapidamente vendo que suas opções quanto a isso são um tanto limitadas, afirma o ?New York Times?.
Segundo o jornal, Trump pode ordenar uma escalada na guerra cibernética movida pelo Pentágono, mas os resultados destes esforços não são garantidos. Ele também pode tentar negociar uma interrupção do programa nuclear norte-coreano, o que também não acabaria com a ameaça. O presidente pode ainda ordenar ataques aos locais de lançamento, opção que Obama também levou em consideração, mas as chances de acertar todos eles são pequenas. E, por fim, Trump poderia pressionar a China a cortar o comércio e apoio à Coreia do Norte, algo que o governo de Pequim nunca levou à frente.
De acordo com o ?New York Times?, todas estas opções foram colocadas na mesa em duas reuniões recentes de assessores de segurança nacional de Trump na sala de guerra da Casa Branca, a mais recente na última terça-feira, junto com a possibilidade ainda mais radical de voltar a instalar armas nucleares na Coreia do Sul como forma de dissuasão. Integrantes do gabinete do presidente disseram ao jornal que estas questões serão levadas a Trump e seus principais assessores em breve.