RIO ? A poucos dias de ser empossado como presidente dos EUA, Donald Trump fez duras críticas à chanceler federal alemã, Angela Merkel, em uma entrevista ao alemão ?Bild? e ao britânico ?Times?. O republicano chamou a sua política de recepção a refugiados, frente à maior crise migratória desde a Segunda Guerra Mundial, de ?um erro catastrófico?. A Alemanha já acolheu mais de 1 milhão de imigrantes e atua como protagonista nas negociações dentro da União Europeia (UE) para encontrar uma solução ao drama humanitário dos que fogem de guerras, perseguições e pobreza em seus países.
? Eu acho que ela cometeu um erro catastrófico ao receber todos aqueles ilegais. Ninguém nem sabe de onde eles vêm ? declarou Trump, que, em sua campanha presidencial, chegou a prometer construir um muro na fronteira mexicana e proibir a entrada de muçulmanos nos EUA.
Na entrevista, Trump disse que a UE se tornou um veículo para a Alemanha. E afirmou acreditar que outros países seguirão os passos do Reino Unido para deixar o bloco europeu, uma vez que a UE foi profundamente prejudicada pela crise migratória.
? Eu acho que é muito difícil. As pessoas e os países querem sua própria identidade ? afirmou o republicano, dizendo que os britânicos foram espertos ao votarem pela saída da UE.
Segundo Trump, suas prioridades na política externa durante o seu governo, que deverá começar na próxima sexta-feira, é criar acordos de comércio mais justos e fronteiras mais fortes para os Estados Unidos. Além de reiterar suas promessas de reformular a relação com a China, o presidente eleito expressou interesse em criar acordos diretos entre EUA e Reino Unido.
Na noite de sábado, Trump disse também ao ?Washington Post? que está avançando no plano para substituir o Obamacare, programa de saúde implementado pelo atual presidente, Barack Obama, em seu governo. O magnata afirmou que seu objetivo é garantir seguro para todos a preços mais baixos, mas se recusou a oferecer detalhes sobre como atingirá a difícil meta até que o seu secretário de Saúde seja confirmado no cargo.
O programa de Obama ampliou o acesso à cobertura de saúde a dezenas de milhões de americanos. O plano de Trump deverá sofrer questionamentos da direita, uma vez que os republicanos há anos criticam a atuação do governo no sistema de saúde, e da esquerda, que enxerga este como um retrocesso na democratização do acesso à saúde dos EUA.