Um dos gargalos que a maioria das cidades de médio e grande porte apresenta é a falta de estacionamento, principalmente nas áreas centrais, já que a quantidade de vagas acaba não atendendo a demanda necessária. Em Cascavel, a cobrança do EstaR (Estacionamento Regulamentado) está desativada desde o dia 6 deste mês, quando terminou o prazo do acordo com a empresa que havia sido contratada pela Transitar, que instalou os parquímetros e administrava o sistema.
Agora, um novo modelo de fiscalização e de cobrança está sendo estudado pela autarquia de trânsito que, ontem (29), apresentou a proposta deste novo modelo as associações que representam os empresários e comerciantes. O encontro ocorreu na Acic (Associação Comercial e Industrial de Cascavel) e foi presidido pelo presidente da entidade, Genesio Pegoraro, e contou também com as presenças também dos presidentes da Amic PR, Jovane Borges, e do Sindilojas, Leopoldo Furlan.
Durante o encontro ficou definido que as entidades farão uma pesquisa com os comerciantes e que até a próxima semana, deverão apresentar um relatório a Transitar que, a partir disso, dará andamento ao novo modelo de licitação para contratar uma empresa para efetuar a locação de equipamentos que será monitorado por câmeras e veículos que serão utilizados na fiscalização do estacionamento regulamentado. A previsão é que a licitação seja encaminhada até junho deste ano.
Segundo Simoni Soares, presidente da Transitar, atualmente não está sendo feita a cobrança pelo uso das vagas, mas continua valendo a regra de que o motorista pode deixar o veículo por no máximo duas horas e, esta fiscalização está sendo feita pelos agentes que continuam trabalhando nas ruas. “Esta informação nós temos descrita nas placas de sinalização em toda a região do EstaR e sentimos que sem a cobrança, melhorou já a rotatividade que é uma necessidade da nossa cidade”, disse.
Sem parquímetros
Simoni deixou claro que o sistema que estava operando por meio de parquímetros há cinco anos não volta mais e que a ideia é fazer a fiscalização com os veículos equipados com câmeras de alta, que fazem fotos panorâmicas para a leitura de placas, além de sistemas de biometria facial e de características. Ao mesmo tempo em que faz a rotatividade acontecer, o modelo proposto elevará os níveis de segurança, porque o sistema estará conectado com as forças policiais. Se for detectado veículo com notificação de furto, por exemplo, a polícia poderá agir rapidamente na abordagem e recuperação.
A sugestão é que nas áreas do EstaR exista gratuidade na primeira ou na segunda hora de uso. Depois disso, e caso o veículo siga na vaga, então haverá multa automática de R$ 195 e 5 pontos na carteira de habilitação, o que já existe hoje, mas com a fiscalização dos agentes. As entidades vão definir junto com a Transitar qual é a melhor proposta de gratuidade, se uma ou duas horas.
Existe ainda a intenção de que a quantidade de vagas que atualmente é de 5.720, seja ampliada, já que existe uma demanda reprimida de pelo menos 1,2 mil vagas em outras regiões da cidade, entre elas, a Avenida Carlos Gomes, Avenida Brasil na região das garagens de veículos no Bairro São Cristóvão, e ainda na região do Paço Municipal e Câmara de Vereadores. “Estamos pensando no que será melhor e num projeto mais ousado, mas faremos isso de comum acordo com o comércio”, relatou Simoni.
Foto: Arquivo Secom
Mudança necessária
Ainda de acordo com a presidente, a mudança é necessária já que o objetivo não tem sido alcançado ao longo dos anos por vários fatores. Um dos maiores desafios é enfrentar o “jeitinho” que algumas pessoas dão para driblar o sistema. Em todas as modalidades empregadas até agora, na tentativa de dar respostas melhores à comunidade, houve manobras que prejudicaram o processo. Na época dos cartões impressos, alguns usavam canetas nas quais a tinta podia ser apagada e o mesmo podia ser utilizado várias vezes.
Na época dos parquímetros, havia problemas com furtos e vandalismo e na dos aplicativos, outras modalidades de “espertezas” foram empregadas para ludibriar o sistema. Uma das mais antigas e comuns ocorre quando usuários combinam e tiram veículos de uma vaga e a colocam em outra, para evitar a multa.
Outro fator é o financeiro, já que o sistema acaba não se “pagando” sozinho. Segundo a presidente, no ano passado a receita do EstaR foi de R$ 1.280.101,23 e a despesa apenas com a empresa foi de R$ 1.561.0285,12. “Isso foi de despesa direta com o contrato, mas não é a única porque temos ainda a indireta, ou seja, chega ao dobro do que estávamos recebendo”, disse a presidente, complementando ainda “o objetivo não é arrecadar para ter lucro, mas não ter prejuízos”.