Cotidiano

Tiroteio em Dallas reabre disputa política sobre controle de armas

WASHINGTON — O assassinato de cinco policiais em uma emboscada na noite de quinta-feira em Dallas (Texas), onde ocorria uma passeata pacífica contra a morte de dois negros por policiais na terça e na quarta-feira, reabriu a disputa política sobre o controle de armas nos Estados Unidos. De Varsóvia, onde participa da reunião de cúpula da Otan, o presidente Barack Obama, que afirmou que o ataque contra policiais foi “perverso, calculado e desprezível”, aproveitou para tratar do controle de armas, o que gerou reação dos republicanos, que criticaram a “politização” da tragédia.

— Quando as pessoas estão com armas poderosas, infelizmente, faz com que ataques como estes sejam mais mortais e mais trágicos — disse Obama na Polônia, em referência ao uso de armas automáticas pela população, algo que ele condena.

A reação dos republicanos, amplamente favoráveis à liberdade para o porte de armas, foi imediata. Em uma entrevista à Fox News, o senador Darryl Glenn, do Colorado, afirmou que este é o momento de lamentar juntos e consolar a família e não fazer política:

— O presidente precisa ter muito cuidado para não ficar muito longe dos fatos e ao mesmo tempo ter cuidado para não aproveitar (a tragédia) para tratar de sua agenda política — disse.

Mike Huckabee, ex-governador do Arkansas, afirmou que preferia que Obama reagisse ao tiroteio de Dallas como Ronald Reagan reagiu após o desastre do ônibus espacial Challenger, em 1986:

— O presidente não precisa colocar mais argumentos de divisão, como o controle de armas, em um momento de grande dor para a nação — disse ele.

Em um discurso emotivo, porém mais equilibrado, o presidente da Câmara dos Deputados, Paul Ryan, pediu a união de todos.

— Cada membro deste Congresso quer um mundo em que as pessoas se sintam seguras, independentemente da cor da sua pele, e isso não é como as pessoas estão se sentindo esses dias — afirmou ele. — Haverá uma tentação de deixar nossa raiva endurecer nossas divisões. Não vamos deixar isso acontecer. E, como disse o presidente legitimamente, a justiça será feita.

O grupo de congressistas negros se reuniu na manhã desta sexta-feira em Washington e voltou a pedir um debate para que se possa votar leis sobre o controle de armas:

— Se não agirmos este será um verão longo e quente — afirmou G.K Butterfield, líder do grupo e representante da Carolina do Norte.

Os candidatos à Presidência pelos principais partidos cancelaram suas agendas e divulgaram pronunciamentos pelas redes sociais. O republicano Donald Trump prestou condolências à família dos mortos e disse que o país precisa de “uma liderança for t e”.

“Temos de restaurar a lei e a ordem. Temos de restaurar a confiança das pessoas de estarem seguras em suas casas e nas ruas”, disse, se referindo ao ataque de Dallas e às mortes dos negros na Louisiana e em Minnesota.

Hillary Clinton, pelo twitter, condenou o ataque de Dallas. “Lamento pelos policiais que estavam fazendo seu sagrado dever de proteger os manifestantes pacíficos”, escreveu ela, que também tentou confortar os familiares dos mortos.