LONDRES ? Em menos de uma semana, a primeira-ministra britância, Theresa May, sofreu sua segunda derrota na Câmara dos Lordes, que aprovou nesta terça-feira uma emenda que permite aos deputados rejeitar os termos finais das negociações sobre a saída do Reino Unido da União Europeia (UE). A medida, aprovada com 366 votos a favor e 268 contra, prevê que o Parlamento precise aprovar qualquer acordo com a UE antes que ele seja debatido e votado no Parlamento Europeu.
Caso não se chegue a nenhum acordo, os deputados terão de votar para aprovar uma saída sem acordo entre o Reino Unido e as instituições europeias ? cenário que é defendido por May.
Na semana passada, a maioria dos membros da Câmara Alta do Parlamento votou a favor de outra emenda, que obriga o governo a apresentar sugestões para proteger os direitos dos cidadãos do bloco residentes no Reino Unido, no espaço de três meses após a ativação da saída do país da UE. As duas derrotas são um aviso a May de que a Câmara dos Lordes não se conformará em ser mero espectador no processo.
? O contra-ataque começa aqui ? disse o histórico conservador Michael Hsseltine, ex-vice-premier e ex-ministro da Defesa, que se opõe ao Brexit.
Apesar disso, o governo pretende agora que as alterações sejam derrubadas quando a legislação for submetida a votação na Câmara dos Comuns, onde May tem uma ligeira maioria. Após a aprovação, o ministro para o Brexit, David Davis, deixou claro essa intenção: ?É claro que alguns nos Lordes vão procurar frustrar esse processo, e é intenção do governo garantir que isso não aconteça?, disse, em nota.
Apesar da maioria na Câmara dos Comuns, o fato de a legislação ter sido alterada na segunda câmara pode representar um revés para as intenções da primeira-ministra se os membros do seu próprio partido aprovarem mesmo as alterações.
? Eu vou votar para manter esta alteração ? afirmou Anna Soubry, deputada conservadora à Sky News.
Mesmo assim, muitos temem que uma ruptura sem acordo cause caos e deixe sem efeito, de um dia para o outro, todos os acordos comerciais e contratos entre o país e os outros 27 sócios comerciais. Uma pesquisa publicada nesta terça-feira pelo jornal ?Independent? indica que apenas 25% dos britânicos apoiariam deixar o bloco sem um acordo e que a afirmação la UE de May de que ?sair sem acordo é melhor que sair com um acordo ruim? não é compartilhada pelos britânicos.