BRASÍLIA – O presidente interino Michel Temer negou que haja qualquer impacto direto no Brasil, mas admitiu que a decisão dos britânicos quebra a possibilidade de uma “federação de estados” entre os estados europeus.
Não chamo de retrocesso, mas digo que (a saída do Reino Unido) quebra a ideia de uma unidade mais acentuada entre os estados.
Em entrevista a cinco jornais de circulação nacional, entre eles, O GLOBO, Temer defendeu mudanças nos acordos feitos pelo Mercosul, como uma maior liberdade tributária aos países membros, mas disse que “não há nenhuma cogitação” de o Brasil sair do bloco.
Sair do Mercosul, não há nenhuma cogitação. Ao contrário, o Brasil foi talvez o promotor do Mercosul. Nós podemos perfeitamente manter o Mercosul, integrando-o, evidentemente, e ao mesmo tempo fazer uma revisão das regras disse.
Temer disse que a liberdade tributária para os integrantes do bloco, hoje “presos” à tarifa comum, é um dos pontos que merecem análise e que atrapalham o Brasil.
Uma das ideias é uma liberdade maior para os países contratantes, talvez fixar algumas coisas que seriam de ação conjunta, e outras poderiam ser de ação individualizada. Nessa área tributária acho que deveríamos analisar um pouco isso. O Brasil hoje não pode fazer acordos porque está preso à tarifa comum afirmou.
O presidente interino defendeu que seja adiada a próxima reunião da cúpula do Mercosul – na qual a Venezuela poderá assumir a presidência do grupo -, que deverá acontecer até julho, enquanto não forem resolvidos os problemas internos do país vizinho.
Acho melhor adiar um pouquinho. Pode se resolver adequadamente a questão interna da Venezuela, sobre a qual não vamos dar nenhum palpite.
Apesar de não entrar no mérito dos problemas da Venezuela, ele criticou os ataques do presidente Nicolás Maduro, que vem sistematicamente chamando de “golpe” o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, e disse que teve que dar uma reposta dura às manifestações de Maduro.
O presidente da Venezuela alardeou que havia um golpe no país e nós tivemos que dar uma resposta dura, dura porque amparada pela Constituição Federal, revelando que o que houve no Brasil foi um processo constitucional, que culminou com a ascensão do vice-presidente, que nos termos da Constituição é quem deve assumir.