RIO – O decreto do estado que não faz a cobrança de impostos sonegados nos anos de 2011, 2012 e 2013 poderá ter seus efeitos suspensos. O deputado estadual, Luiz Paulo Corrêa da Rocha (PSDB), deu entrada, nesta terça-feira, num projeto que suspende os efeitos do ato publicado na sexta-feira pelo governador interino Francisco Dornelles.
No decreto em vigor, Dornelles determina que a cobrança das ações fiscais se concentre sobre os últimos dois anos (2014 e 2015), sob a justificativa de que é mais fácil recuperar os créditos não pagos mais recentes.
Para o deputado, o decreto vai na contramão da crise enfrentada pelo estado, já que abriria mão de cobrar uma receita potencial de pelo menos R$ 20 bilhões. A conta toma como base o índice de sonegação anual, que estipula que 25% dos impostos deixem de ser pagos. Crise
De acordo com o deputado, o decreto descumpre o artigo 174 do Código Tributário Nacional que estabelece que a cobrança de impostos sonegados prescreve em cinco anos, contados da data da sua constituição definitiva.
?Em tempos de crise econômica, é descabido que o decreto (45.697/2016) esteja vigorando. É necessária a sua revogação, uma vez que está em desajuste com as obrigações de fiscalização da receita e às atribuições inerentes dos AuditoresFiscais, que é de fiscalizar os últimos cinco anos ? afirma o deputado.
O decreto causou estranheza ao sindicato da categoria, que cobrou explicações do secretário estadual da Fazenda, Julio Bueno. Segundo o diretor jurídico do Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Estadual, Ricardo Brant, a entidade pediu uma reunião, em caráter de urgência, com o secretário para questionar a edição da norma sem que o Conselho Superior de Fiscalização Tributária e a área técnica da Receita estadual fossem consultados.
A tramitação do processo do decreto foi rápida: ele foi criado às 14h48m na Chefia de Gabinete do secretário da Fazenda, no dia 21 de junho, e, vinte minutos depois, já tinha sido encaminhado à Casa Civil.
A secretaria estadual de Fazenda não se pronunciou sobre a iniciativa do deputado de suspender os efeitos do decreto. A pasta argumenta que o objetivo do decreto ?é racionalizar as milhares de auditorias realizadas pelos técnicos da Fazenda e adequá-las à situação extraordinária de crise financeira do estado, para reduzir custos e elevar a arrecadação”.
LEIA MAIS:
Paes diz que estado de calamidade não tem relação com Olimpíada
Estado de calamidade exclui ameaça às instalações esportivas
Governo quer dar Bilhete Único apenas a isentos de IR
Ilha de Brocoió tem casarão tombado, mas que se deteriora sem os cuidados
Corte de despesas na Justiça gera polêmica entre magistrados
Estado estuda parcelar salários dos servidores
?Calendário do 1º semestre da Uerj está totalmente comprometido?, diz reitor
Despesas do estado com servidores requisitados triplicaram
Inadimplência do estado ameaça conclusão de obras do metrô para os Jogos