Cotidiano

Sonda da Nasa permanecerá na órbita atual em torno de Júpiter

RIO ? A Nasa anunciou nesta sexta-feira decisão de não arriscar a ignição do motor da sonda Juno para diminuir o período orbital da nave em torno de Júpiter, como estava previsto no desenho original da missão. Assim, a Juno continuará na atual trajetória em que leva 53,5 dias para dar a volta no planeta, alternando aproximações máximas que chegam a até apenas 4,1 mil quilômetros do topo da atmosfera do gigante gasoso com afastamentos que a levam a mais de 8 milhões de quilômetros de distância dele.

– A Juno está saudável, seus instrumentos científicos estão totalmente operacionais e os dados e imagens que estamos recebendo não são nada menos que fantásticos ? justificou Thomas Zurbuchen, vice-diretor da Divisão de Missões Científicas da Nasa. – A decisão de desistir da ignição é a coisa certa a fazer, preservando um ativo valioso de forma que a Juno possa continuar sua excitante jornada de descobertas.

Segundo a Nasa, a mudança na configuração da missão, que previa originalmente órbitas de apenas 14 dias, não afetará a cumprimento de seus objetivos científicos, já que as altitudes mínimas atingidas nas aproximações da órbita atual serão as mesmas. Na verdade, a agência espacial americana espera que a órbita mais alongada proporcione novas oportunidades de pesquisa.

Desde que chegou em Júpiter em 4 de julho do ano passado, a Juno completou quatro órbitas no planeta, com a última aproximação ocorrida em 2 de fevereiro e a próxima prevista para 27 de março. Nestas ocasiões, a Juno usa seus instrumentos para sondar através da grossa cobertura de nuvens do planeta e investigar suas auroras em busca de informações sobre sua origem, atmosfera e magnetosfera. Já com a órbita mais longa, ela também poderá colher informações não previstas originalmente sobre a intensidade e o alcance do campo magnético do gigante gasoso nas profundezas do espaço.

– Outra vantagem das órbitas alongadas é que a Juno passará menor tempo dentro do intenso cinturão de radiação (de Júpiter) a cada órbita ? destacou Scott Bolton, cientista-chefe da missão junto a Instituto de Pesquisas Southwest (SwRI), no estado americano do Texas. – Isto é significativo porque a radiação tem sido o principal fator limitante da vida útil da Juno.

A manobra de diminuição do período orbital da Juno estava prevista para acontecer em 19 de outubro do ano passado, mas dias antes, durante operação de pressurização de seu sistema propulsor, duas válvulas não funcionaram como o esperado, levando minutos para abrirem contra segundos em ignições anteriores do motor.

– Em uma revisão minuciosa, estudamos múltiplos cenários para colocar a Juno em um período orbital mais curto, mas havia a preocupação de outra ignição do motor resultar em uma órbita menos que desejável ? contou Rick Nybakken, gerente de projeto da Juno junto ao Laboratório de Propulsão a Jato da nada (JPL), na Califórnia. – Ao fim, uma ignição representava um risco para o cumprimento dos objetivos científicos da Juno.

De acordo com a Nasa, as operações da Juno continuarão até julho de 2018, como previsto no atual orçamento da missão, com um total de 12 órbitas de coleta de dados científicos, contra as 33 originalmente planejadas. A equipe responsável pela sonda, no entanto, pode solicitar uma extensão da missão, que vai depender do mérito da proposta e dos resultados obtidos e a expectativa de retorno científico, o que Bolton espera demonstrar.

– A Juno está fornecendo resultados espetaculares e estamos reescrevendo nossas ideias de como os planetas gigantes gasosos funcionam ? destacou. – A ciência (com a órbita atual) será tão espetacular quanto seria com nosso plano original.