LONDRES ? Uma mudança radical no setor de energia, com corte de emissões de gases do efeito estufa a zero até 2040, é necessária para conter o aquecimento médio do planeta em 1,5 grau Celsius em relação ao período pré-industrial, conforme meta definida pelo Acordo de Paris. O prognóstico, difícil de ser alcançado, foi divulgado nesta quarta-feira pela Agência Internacional de Energia.
De acordo com o relatório ?World Energy Outlook 2016?, em 2040 será preciso que 90% da produção de eletricidade venha de usinas nucleares ou de fontes renováveis, como eólicas e solares. As plantas de combustíveis fósseis, como o gás natural, deverão possuir instaladas tecnologias de captura e armazenamento de carbono.
?A conclusão inevitável é que existe a necessidade urgente de reduções radicais imediatas nas emissões de CO2 do setor de energia se quisermos qualquer chance de atingir o objetivo de 1,5 graus Celsius?, diz o relatório.
O cenário traçado pela agência, que adota políticas já implementadas assim como intenções declaradas, a geração de eletricidade por fontes renováveis deve responder por 37% do total em 2040, muito abaixo do necessário para conter o aquecimento do planeta.
Além disso, todos os veículos de passageiros e comerciais leves terão que ser elétricos, enquanto caminhões e ônibus também deverão ter parte da frota eletrificada. Entretanto, no fim deste ano a estimativa é que apenas 1,3 milhões de veículos serão elétricos, de uma frota global estimada em um bilhão de automóveis.
A divulgação do relatório coincide com a Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP22), que acontece até o dia 18 em Marrakesh, no Marrocos. Líderes globais discutem nesta rodada de negociações o modelo de implementação do Acordo de Paris, que entrou em vigor no último dia 4. Contudo, para a Agência Internacional de Energia, os esforços prometidos ainda são insuficientes para manter o aquecimento global em níveis seguros.
?As implementações dos compromissos atuais só reduzirá a velocidade do aumento projetado das emissões de carbono relacionadas com a energia de uma média de 650 milhões de toneladas por ano, desde o ano 2000, para cerca de 150 milhões de toneladas por ano em 2040?, diz a agência, em comunicado. ?Embora isso seja uma conquista significativa, está longe de ser suficiente para evitar os piores impactos das mudanças climáticas, uma vez que limitará o aumento médio das temperaturas em 2,7 grau Celsius em 2100?.